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Presidente de Cabo Verde diz que o português é dos “seus falantes” mas que há lacunas nas escolas

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 26-05-2021

 O Presidente de Cabo Verde e em exercício da CPLP, Jorge Carlos Fonseca, afirmou hoje que a língua portuguesa “pertence aos seus falantes”, com um “potencial praticamente ilimitado”, apesar de lacunas no domínio e sistemas de ensino.

Ao discursar hoje na sessão de abertura da IV Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa no Sistema Mundial, que decorre em formato online a partir da Praia, Jorge Carlos Fonseca sublinhou que existem “todas as razões para estar otimista quanto à evolução da língua portuguesa e sua afirmação no contexto mundial”, recordando estudos que indicam que nos próximos 40 anos haverá “mais de 100 milhões de novos falantes”.

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“O que só nos pode deixar satisfeitos e é demonstrativo da sua pujança e vitalidade. Com esta perspetiva bem positiva, só podemos augurar um futuro rico para os legatários e usuários da língua portuguesa e as potencialidades de realização que se abrem para ela. Esta tem sido e será a nossa contribuição para a Humanidade, para a sua vasta diversidade cultural. Uma língua cuja posse pertence aos seus falantes e o usufruto a quem a pratica e enriquece, no seu dia a dia”, destacou.

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O Presidente de Cabo Verde, que assume ainda a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), reconheceu que “de todas as ferramentas” à disposição, a língua portuguesa “é a mais poderosa”.

“Aquela que nos poderá levar mais longe na nossa inserção no vasto e complexo mundo em que existimos, e servir como janela para o conhecimento. Cabe-nos preparar o caminho para que as novas gerações possam tirar o máximo proveito do potencial deste idioma comum, do qual se pode ver sempre o mar, que nos une nesta viagem secular”, exortou.

Sublinhando que “o potencial da língua portuguesa é praticamente ilimitado”, Jorge Carlos Fonseca recordou que “a sua materialização não é automática, não ocorre por inércia”, apontando que os “desafios são assinaláveis e devem ser encarados de forma sistemática”.

“Na realidade, em várias regiões da nossa comunidade, no meu país por exemplo, deparamo-nos com limitações assinaláveis no domínio da língua portuguesa, que poderão estar relacionadas com as grandes transformações que sacodem o mundo e com outros fatores específicos e diversificados com reflexos nos sistemas de ensino. Precisamos construir, com alguma urgência, respostas para essas realidades”, reconheceu.

Aguardando que a conferência que hoje arrancou -, organizada pelo Governo cabo-verdiano e com a participação até sexta-feira, exclusivamente em formato virtual, de vários especialistas -, aborde esta problemática, também admitiu a necessidade de trabalhar a promoção da leitura.

“Seria desejável a identificação clara das situações ou regiões que poderão necessitar de maior atenção nos domínios da promoção da leitura, da pesquisa e da formação. Acredito que parte significativa das soluções passará pela criação de condições que permitam ao Instituto de Língua Portuguesa assumir as suas funções na plenitude, bem como pelo envolvimento das Universidades e Centros de Estudo”, disse.

Recordou que “apesar da sua origem europeia”, a língua portuguesa “tornou-se transatlântica, uma língua essencialmente do sul” do globo, falada por mais de 250 milhões de pessoas e “uma das mais usadas no ocidente e a quinta na internet, de acordo com os estudos, o que lhe abre novas perspetivas de futuro”.

E sobre o interesse exterior no conhecimento e domínio da língua portuguesa, Jorge Carlos Fonseca assumiu: “Todos sabemos os impactos que esta realidade pode vir a ter, no mercado internacional, como ativo importante e uma mais-valia para as nossas populações, que não se pode ignorar. E mesmo no seio da CPLP, sabemos como o valor económico e o potencial da língua portuguesa podem ser uma base ainda maior para uma plataforma comum de desenvolvimento dos Estados-membros e fortalecimento da comunidade”.

Ao intervir igualmente na sessão de abertura da conferência, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, Rui Figueiredo Soares, recordou que o português é a quinta língua mais falada no mundo, cujo valor “não se circunscreve às meras dimensões comunicativa e cultural”, mas deve ser promovida também no contexto da diplomacia económica, da Internet, das redes sociais ou através do seu ensino no estrangeiro.

“A língua portuguesa é também economia. É investimento”, afirmou o chefe de diplomacia cabo-verdiana.

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