Justiça
Pasteleiro que ateou fogo a colega transferido para a Unidade de Queimados do CHUC diz que foi uma “brincadeira”
Um homem de 30 anos acusado de ter ateado fogo a uma ex-colega de trabalho, num restaurante em Aveiro, confessou hoje os factos que lhe foram imputados, mas negou ter tido intenção de magoar a vítima.
Durante a primeira sessão do julgamento, no Tribunal de Aveiro, o arguido admitiu ter atirado álcool para cima da colega, numa brincadeira, adiantando que “era costume no final do serviço andarem a atirar álcool uns aos outros”.
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Posteriormente, um colega passou-lhe para as mãos um isqueiro “avariado” e ele fez de conta que lhe ia pegar fogo.
“Estava convencido que nunca ia acontecer aquilo, porque sabia que o isqueiro não funcionava”, disse o arguido, que está acusado de um crime de ofensa à integridade física qualificada.
O arguido contou ainda que transportou a vítima ao hospital e pediu-lhe desculpa pelo sucedido, tendo-se oferecido para suportar todas as despesas com tratamentos médicos, e reconheceu que “foi uma atitude descuidada”.
“Foi uma brincadeira muito estúpida. Serviu de lição para mim e para os outros todos”, disse o arguido, adiantando que depois desta situação deixaram de ter este tipo de brincadeiras no restaurante, onde era pasteleiro.
Durante a sessão, foi também ouvida a vítima que, em lágrimas, recordou o episódio ocorrido na noite de 13 de setembro de 2018 e disse estar “muitíssimo magoada” com o arguido, adiantando que é um assunto que ainda “mexe muito” consigo.
A ofendida contou ainda que pediu para o arguido parar de lhe atirar álcool e que ele “não deu ouvidos àquilo que dizia”.
“Só me questiono porque é que ele acenderia o isqueiro três vezes. Se fosse em tom de brincadeira nunca acenderia o isqueiro”, disse a vítima, dizendo acreditar que o incidente “tenha sido algo propositado”.
Os factos criminosos ocorreram num restaurante em Aveiro, aonde o arguido e a ofendida trabalhavam, o primeiro como pasteleiro e a segunda como empregada de mesa e bar.
A acusação do Ministério Público (MP) refere que a vítima, então com 21 anos, se deslocou ao restaurante para receber o vencimento e quando se encontrava na zona da copa o arguido, sem que nada o fizesse prever, despejou um frasco de álcool etílico sobre ela.
Posteriormente, o arguido aproximou-se dela e acendeu um isqueiro, tendo ateado fogo às roupas da ofendida, que, em chamas, correu para a rua aos gritos a pedir ajuda.
A rapariga ficou com os cabelos queimados e sofreu queimaduras de segundo grau em diversas partes do corpo, tendo sido transportada pelo próprio arguido para o Hospital de Aveiro e depois foi transferida para a Unidade de Queimados do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra.
O MP diz que o arguido agiu com o propósito concretizado de ofender a ex-colega “no corpo e na saúde”, causando-lhe lesões que consubstanciam “uma desfiguração grave e duradoura”.
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