Coimbra
CGTP exige reintegração de delegado despedido da Probar em Coimbra
A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, exigiu hoje a reintegração de um delegado sindical que foi despedido da Probar, por alegadamente ter alertado para um surto de covid-19 no seio da empresa situada em Coimbra.
“A CGTP está aqui não só em solidariedade, mas com a exigência do cumprimento de um direito fundamental consagrado na Constituição, que é o direito à atividade sindical e à liberdade sindical”, afirmou aos jornalistas Isabel Camarinha, que se associou a uma manifestação em protesto pelo despedimento de um delegado sindical da Probar, que decorreu à porta da empresa de transformação e comercialização de carnes, em Cernache, nos arredores de Coimbra.
A dirigente sindical explicou que o delegado, António Cordeiro, esteve em quarentena após um surto no seio da unidade onde trabalhava, tendo sido interpelado por companheiros preocupados com a situação e acabou por confrontar a empresa.
“A preocupação de um representante dos trabalhadores não só com a saúde dos trabalhadores da empresa, mas também com os próprios consumidores, foi muitíssimo grande. Em vez de ser premiado é punido como se o trabalhador tivesse cometido algum crime.
Criminoso seria não ter tomado as medidas necessárias quando estava aqui a decorrer um surto de covid-19″, vincou.
Isabel Camarinha realçou que o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação (SINTAB) já contestou o despedimento, mas defendeu que é importante que “a opinião pública conheça a prepotência que esta empresa julga poder ter, mas que não pode, porque tem que cumprir a lei e a Constituição”.
António Cordeiro trabalhava na Probar há 11 anos e era delegado sindical “há sete ou oito meses”, admitindo que começou “a ficar debaixo de fogo” desde que assumiu esse cargo.
No fim de janeiro, um colega de trabalho foi infetado e António teve que cumprir quarentena, face ao contacto próximo, explicou aos jornalistas o delegado sindical.
“Entretanto, começaram a ligar-me muitos colegas para me apresentarem as queixas deles. E quando eu falava com a delegada de saúde punha-a ao corrente da situação. Eu não podia omitir informação à autoridade de saúde”, contou.
Após o cumprimento da quarentena, António Cordeiro ia regressar ao trabalho a 11 de fevereiro, mas foi barrado à entrada, com a comunicação de que estaria suspenso com processo disciplinar, referiu.
Há cerca de uma semana, a empresa comunicou-lhe que tinha sido despedido por justa causa por ter passado informação sobre o surto na empresa “para fora”, disse.
“Agora, tenho um processo em tribunal para contestar a decisão. Tenho a certeza que estou a ser injustiçado. Não vejo razão para que me neguem entrada ao trabalho. Eu só queria a reintegração na empresa, porque é daqui que vivo e eu só tentei defender a empresa e os meus colegas”, salientou.
Num comunicado, a empresa confirma que “instaurou processo disciplinar a um trabalhador que é simultaneamente delegado sindical do SINTAB”, alegando que o funcionário, no contexto de pandemia, promoveu na Probar “uma campanha de desinformação e desestabilização dos trabalhadores, lançando falsos testemunhos sobre as medidas de prevenção adotadas e sobre o número de infetados com covid-19 na empresa, o que gerou um insuperável clima de intranquilidade na empresa”.
O delegado sindical “serviu-se dos trabalhadores para tomar protagonismo, quando sabia que difundia factos falsos, para criar um clima de medo e suspeição”, frisou.
A decisão de despedimento “assentou, estritamente, em factos objetivos e sustentados em provas robustas”, refere a Probar.
No comunicado, a empresa sublinha ainda que implementou “todas as medidas para garantir a segurança e bem-estar dos seus colaboradores e das suas famílias”.
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