Desporto

Sexismo, covid-19 e outras polémicas ensombram Jogos Olímpicos

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 13-04-2021

De demissões por comentários machistas e humilhantes a artistas à pressão da pandemia de covid-19 e a outras polémicas, como o abandono da Coreia do Norte, ensombram os Jogos Olímpicos Tóquio2020 a 100 dias do arranque.

Até à cerimónia de abertura na capital do Japão, marcada para 23 de julho, muita água vai correr debaixo da ponte, num rio que arrasta consigo uma opinião pública nipónica altamente favorável a novo adiamento ou ao cancelamento da prova, medidas de restrição da pandemia mais apertadas e várias polémicas no Comité Organizador, além da incógnita em torno da vacinação de acima das 200 comitivas nacionais esperadas.

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Em fevereiro, o presidente do Comité Organizador Yoshiro Mori teceu comentários depreciativos sobre as mulheres, nomeadamente dizendo que falam demais nas reuniões o que faz com que se “arrastem”. Pediu desculpa e retratou-se, mas acabou por se demitir.

A sua sucessora, Seiko Hashimoto, começou o mandato com o Comité envolto em mais uma polémica, depois de a revista Shukan Bunshun revelar que o criativo Hiroshi Sasaki sugeriu, em março de 2020, antes do adiamento dos Jogos, vestir de porco a popular artista Naomi Watanabe, que sofre de obesidade, para a cerimónia de abertura.

A ideia seria que a ícone da moda no Japão, com projeção internacional, descesse do céu vestida de cor-de-rosa e com orelhas de porco na abertura olímpica, com Sasaki, através de mensagens de texto, a fazer um jogo de palavras com a palavra “olímpico”, que assim transformaria em “Olympig”.

A presidente de Tóquio2020 disse que está já à procura de alternativas a Sasaki, para que o incidente não tenha impacto no lançamento dos Jogos, e agradeceu o papel do criativo, que “tem sido fundamental para o sucesso das cerimónias”.

Mori, de resto, reincidiu: o ex-primeiro ministro, de 83 anos, insultou uma assessora de um deputado do Partido Liberal Democrático, “uma velha”, que é “demasiado velha para ser chamada de mulher”.

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Já em abril, numa sondagem da Kyodo News, apenas 24,5% dos inquiridos se mostraram favoráveis ao evento já neste verão, com 39,2% a pedir o cancelamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos e 32,8% a julgarem melhor um novo adiamento.

E se a opinião pública é favorável a novo adiamento ou mesmo a um cancelamento, uma auscultação recente do setor empresarial, de fevereiro, mostrava que apenas 35% das firmas inquiridas queria o evento.

Os outros dois terços não querem Tóquio2020 no seio de um país com um ritmo de vacinação mais lento do que outros da sua estatura, além de que 88% julgam que o evento terá “muito pouco impacto” na economia, segundo a Reuters.

A somar-se a tudo isto está um reforço das medidas de combate à pandemia em Tóquio e outras regiões, anunciadas já este mês pelo governo japonês, em vigor até 11 de maio.

Horários de funcionamento mais curtos para bares e restaurantes, apontados como grandes focos de disseminação do vírus, desde o levantamento do estado de emergência, há cerca de três semanas, são o principal destaque na lista de diretrizes.

De resto, e por causa da pandemia, a Coreia do Norte já anunciou que não enviará atletas, para proteger os desportistas e o país de infeções, abrindo um possível precedente, com Comité Olímpico Internacional (COI) e governo nipónico insistentes na ideia de que o evento se realizará, como um “triunfo da Humanidade sobre o novo coronavírus”.

Os muitos mil milhões de euros que custaram os Jogos, um valor que ‘derrapou’ com o adiamento, e a necessidade da realização dos eventos para o COI, cujas receitas provêm sobretudo de acordos de transmissão televisiva e patrocínios ao programa olímpico, ajudam a justificar o interesse em não cancelar a prova.

O Japão, que desde janeiro de 2020 contabilizou 9.300 mortes por covid-19, tem vindo a registar um aumento de casos de infeção significativo sobretudo nas grandes cidades.

A campanha de vacinação para a população em geral ainda não arrancou, estando apenas a ser vacinados idosos e profissionais de saúde.

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