Economia
Cerca de cem trabalhadores do Santander Totta em plenário contra despedimentos
Cerca de uma centena de trabalhadores do Santander Totta reuniram-se hoje em plenário em frente à sede do banco, em Lisboa, para tentar impedir que o banco encerre balcões e despeça trabalhadores.
“O banco, apesar de dar muitos lucros, ainda durante a pandemia, em 2020, teve lucros de 300 milhões de euros, e desde que começou a crise económica, em 2008, já entregou ao acionista em Espanha 4.000 milhões de euros, considerou que seria necessário dar ainda mais lucros ao acionista, encerrar balcões e reduzir o quadro de pessoal”, disse à agência Lusa, João Pascoal, da comissão de trabalhadores do banco.
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O sindicalista alertou para o facto de a administração do Santander Totta estar a “pressionar muito os trabalhadores com rescisões por mútuo acordo, que (na realidade) não são por mútuo acordo”.
“O banco pretende encerrar balcões e reduzir o quadro de pessoal obrigando os restantes trabalhadores a trabalharem por todos, por aqueles que saíram e por aqueles que cá ficam”, lamentou o sindicalista.
João Pascoal referiu ainda que a “maioria dos trabalhadores têm recusado e têm sido perseguidos e postos em casa em teletrabalho, porque agora a pandemia de covid-19 permite essa obrigatoriedade”.
“Nós aquilo que queremos é que haja uma solução que passa, por exemplo, pela reforma antecipada de muitos colegas, porque aqui há cerca de umas largas centenas de colegas que têm condições para reforma antecipada, paga pelo banco. É essa a solução que nós queremos”, salientou à Lusa.
Para o sindicalista, os trabalhadores “não querem a solução do banco de encerrar balcões e obrigar os trabalhadores a terem que aceitar as rescisões”.
E prosseguiu: “Estamos a iniciar esta luta para impedir que o banco destrua postos de trabalho, já que isso é tanto mais grave devido à situação económica que Portugal vai atravessar a seguir a esta pandemia”.
A banca cumpre “um serviço público para toda a população” e o encerramento de balcões “prejudica as populações e os clientes” e “nós estamos contra toda essa política”, lembrou.
Alertou ainda para o facto de estarem a favor da manutenção da rede de balcões e dos postos de trabalho e dos trabalhadores que “dão muito lucro”, realçou o sindicalista à Lusa, adiantando que “se os trabalhadores trabalharem aquilo que são obrigados contratualmente, o banco precisaria de contratar muitos trabalhadores, porque infelizmente os bancários trabalham entre 10 a 20 horas por semana acima do horário”.
“Isso é que tem de acabar e temos de ter emprego para toda a gente”, advertiu o sindicalista.
Por sua vez, João Paulo Veles, diretor de Comunicação do banco, disse à Lusa que há “um plano de transformação que, aliás, é comum a toda a banca portuguesa e europeia e que é derivado, por um lado, de novos hábitos dos clientes, menos frequência dos balcões, e, por outro lado, de um maior uso de meios digitais que a pandemia veio reforçar”.
“Esse plano de transformação implica o encerramento de balcões – nós estamos a fazer uma reorganização de balcões – e implica também devido aos novos processos que são adotados, uma necessidade de redução dos quadros”, explicou o responsável.
Além disso, realçou que o banco está a fazer isso de “uma forma negociada, com acordo” e que tem vindo a “desenvolver contactos com os sindicatos”, sendo que este plano oferece as “melhores condições” que existem no mercado, tanto do “ponto de vista material, quer de apoios sociais, apoios à recolocação das pessoas e apoios à saúde”.
João Paulo Velez explicou também que o banco tem “processos de adesão voluntária” para colaboradores com mais de 55 anos e outro para colaboradores de balcões que “efetivamente encerraram”.
Destacou ainda o facto de o Santander Totta estar a fazer isso de “uma forma negociada, em articulação com os sindicatos e as organizações representativas dos trabalhadores”, adiantando que “é essa a via que (o banco) quer prosseguir”.
Trata-se de uma “necessidade que se impõe a este banco, como a toda a banca”, salientou o mesmo responsável.
De acordo com o sindicalista João Pascoal, e apesar de o banco não ter oficialmente comunicado o número de trabalhadores que quer dispensar, este ano o número pretendido pela instituição financeira aponta para “mais de 500 trabalhadores, num universo de 5.800 colaboradores”.
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