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Vídeo erótico “desaparece” da Semana Cultural da Universidade de Coimbra

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 12-03-2021

“Crueza ou Inventário de um Erotismo Coletivo” foi uma das obras apresentadas na Semana Cultural da Universidade de Coimbra no dia 7 de março, com a sinalização que se trataria de conteúdo “não aconselhável a menores de 18 anos”, vídeo que entretanto foi removido do YouTube da Universidade de Coimbra. O Notícias de Coimbra sabe que esta foi uma performance que gerou controvérsia entre o público, por se tratar de um projeto que pretende ser uma abordagem ao conceito de violência e como esta se apresenta no corpo humano, com recurso à nudez e ao erotismo coletivo.

A performance foi desenvolvida no segundo semestre de 2020 e surge de um trabalho de cinco artistas brasileiros, Cristiana Nogueira, Cristiane Oliveira, Edicleison Freitas e Thales Luz, todos eles doutorandos da Universidade de Coimbra e ainda Márcio Murari a colaborar à distância a partir do Brasil.

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Cristiana Nogueira, coordenadora do projeto, revela ao Notícias de Coimbra que “não entende a reação contra o erotismo, nunca tivemos problemas nem recebemos críticas pelas nossas performances. A nudez sempre esteve presente na arte, sempre apareceram corpos despidos na arte desde há muito tempo. Estranho é em pleno século XXI ainda estarmos a questionar a nudez”, afirma.

Refere também que as suas obras estão devidamente identificadas enquanto conteúdo erótico, com a sinalização para maiores de 18 anos, e que por esse motivo o público mesmo não tendo conhecimento da história relatada, tem conhecimento sobre o conteúdo e teor erótico da mesma.

Edicleison Freitas, ator, bailarino e artista visual, explica ao Notícias de Coimbra que “Crueza ou Inventário de um Erotismo Coletivo” foi um projeto importante de desenvolver enquanto artista, e o retorno que recebeu sobre a exibição do vídeo foi positivo.

Sobre a controvérsia em torno da nudez e erotismo que envolvem a performance, refere que “a arte com nudez sempre teve público que não gera empatia com a obra de arte. Eu posso ir ao museu ver obras do Van Gogh e não gostar e fazer críticas negativas”, refere Edicleison Freitas. O artista lamenta a existência de um estigma em relação ao corpo, “enquanto artista é lamentável estar na Europa que se diz na vanguarda da arte e ainda estar presente o preconceito contra a nudez”, considera que o tabu do corpo já devia estar ultrapassado.

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Edicleison Freitas entende que parte do preconceito surge porque “existem pessoas incapazes de fazer uma leitura da arte, apenas olham mas não vêm além disso, não fazem uma leitura, e a obra tem uma mensagem”.

A coordenadora do projeto acrescenta ainda que se o país não atravessa-se a situação de pandemia a obra “Crueza ou Inventário de um Erotismo Coletivo” seria apresentada ao público ao vivo, num local da cidade de Coimbra. O vídeo foi apenas divulgado porque a apresentação pública não era permitida. Este e outros vídeos fazem parte de uma exposição do TAGV que contém ainda outros objetos que integravam o projeto. A performance já foi anteriormente exibida através de uma aula aberta e duas apresentações públicas do projeto.

Este projeto parte de outras performances da artista Cristiana Nogueira, com conhecimento de literaturas externas, de obras e performances de outros artistas e das experiências pessoais ou ficcionais dos artistas que compõem o projeto, refere Cristiana Nogueira.

O vídeo da performance “Crueza ou Inventário de um Erotismo Coletivo” que se encontrava na página da Semana Cultural da Universidade de Coimbra, através do YouTube da Universidade de Coimbra, foi hoje removido.

Contactada pelo Notícias de Coimbra, a Universidade afirma que a sua exclusão é da responsabilidade do YouTube por se tratar de conteúdo impróprio que as normas da plataforma não permitem como nudez e conteúdos de cariz sexual.

Questionada enquanto o vídeo da performance estava público, a Universidade de Coimbra não quis prestar declarações sobre o teor do mesmo e sobre a controvérsia gerada, considerando que se encontrava devidamente identificado como conteúdo para mais de 18 anos. 

Edicleison Freitas entende que a exclusão do vídeo se deve à programação que previa que este estaria em exibição apenas durante uma semana, tendo sido publicado entre 7 e 12 de março, sendo o único conteúdo que deixou de estar online na “seção performances”.

Este projeto foi produzido em laboratório numa parceria com o Laboratório de Investigação e Práticas Artísticas (LIPA) da Universidade de Coimbra, o Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) e o Colégio das Artes.

A XXIII Semana Cultural da Universidade de Coimbra decorre entre os dias 1 e 15 de março.

(As imagens foram retiradas do vídeo)

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