Saúde
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Uma equipa multidisciplinar da Universidade de Coimbra (UC) confirmou em contexto clínico, pela primeira vez em Portugal, um teste de memória que visa o diagnóstico precoce da doença Alzheimer, anunciou hoje aquela instituição de ensino.
Desenvolvido nos anos 1980 pelo especialista norte-americano Herman Buschke, o teste “permite verificar se as pessoas com défice cognitivo ligeiro (DCL) correm risco de evoluir para a doença de Alzheimer, a demência mais comum na população idosa”, descreve uma nota da UC.
A doença de Alzheimer é uma das patologias mais associadas ao período de transição entre o envelhecimento normal e a demência.
Raquel Lemos, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC, disse à agência Lusa que foi possível “distinguir dois subgrupos de pessoas” no final da investigação.
“Um com elevado risco para ter a doença de Alzheimer num futuro próximo e outro que, muito provavelmente, nunca vai ter a doença”, acrescentou.
Os trabalhos de pesquisa envolveram uma dezena de investigadores da Universidade de Coimbra e prolongaram-se por três anos, entre 2010 e 2013.
Denominado teste de recordação seletiva livre e guiada (TRSLG), o método foi experimentado em 100 doentes com DCL e 70 com doença de Alzheimer, seguidos na consulta de demências do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), coordenada pela neurologista Isabel Santana, e ainda num “grupo controlo” constituído por pessoas saudáveis.
Antes, o teste foi adaptado para a população portuguesa por investigadores das faculdades de Psicologia, Medicina e Letras da UC.
Os resultados do estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), demonstraram “sensibilidade e precisão elevada na diferenciação entre os doentes com défice cognitivo ligeiro com mais riscos de desenvolver Alzheimer e os que apenas manterão a memória diminuída”, segundo Raquel Lemos.
As conclusões foram depois confirmadas com recurso a um marcador genético associado à doença de Alzheimer.
Para Raquel Lemos, coautora de um artigo científico sobre o estudo publicado no Journal of Neuropsychology, no Reino Unido, o TRSLG poderá ser “um instrumento útil no diagnóstico precoce” desta demência.
A informação fornecida pelo teste “permite orientar os clínicos na adoção de medidas profiláticas e terapêuticas” para as pessoas que venham a desenvolver Alzheimer.
O TRSLG é um instrumento de avaliação neuropsicológica recomendado pelo Grupo Internacional da Doença de Alzheimer, já utilizado em vários países da Europa.
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