Desporto
Projeto estuda a dor lombar em atletas de alta competição e doentes crónicos
Um projeto de investigação que envolve instituições de Coimbra e de Lisboa procura estudar a relação entre o cérebro e a região lombar, contando com a participação de atletas de alto rendimento e doentes crónicos.
No sábado, o Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da Universidade de Coimbra (UC) contou com a presença dos ex-jogadores da seleção nacional de futebol Costinha e Paulo Ferreira, que se voluntariaram para participar no estudo que investiga a dor lombar crónica.
“Isto foi um desafio que o doutor Rui Manilha [da Universidade Nova] fez ao ICNAS para estudar como o cérebro controla a coluna lombar. Por incrível que pareça, é muito pouco conhecida a forma como o cérebro controla o movimento desta região tão importante do corpo, que tantas dores traz, se calhar a mais de 80% da população”, contou à agência Lusa o diretor do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) da UC, Miguel Castelo-Branco.
Além do ICNAS e do CIBIT, o projeto envolve o Hospital Garcia de Orta, a Escola Superior Egas Moniz e a Universidade Nova de Lisboa.
O estudo, além de envolver pessoas ditas saudáveis e doentes crónicos, conta também com a participação de atletas, nomeadamente do futebol e do remo.
“Isto é uma preocupação muito importante para atletas de alto rendimento. Há atletas que sofrem dor crónica por usarem demasiado a coluna e há pessoas que, por excesso de sedentarismo e má postura, acabam por desenvolver patologia crónica”, salientou Miguel Castelo-Branco.
O estudo deverá ter uma duração de dois a três anos, esperando contar com cerca de 60 participantes.
“No fim, esperamos ter os primeiros mapas da zona do cérebro que controla a coluna lombar, quer na saúde, quer no alto rendimento, quer na doença”, acrescentou.
Segundo o neurocirurgião Rui Manilha, ainda “não existe um estudo que correlacione a parte motora com a lombalgia”.
No entanto, vincou, “faz sentido” que exista uma correlação.
“Se há uma alteração sensitiva também é normal que isso possa ter uma correlação com a parte motora”, explicou, referindo que o estudo também irá tentar perceber “se os atletas de alto rendimento têm um padrão diferente de pessoas com lombalgia e se pessoas normais têm um padrão diferente das pessoas com lombalgia”.
Com o estudo, poderá levantar-se “um pouco o véu sobre o tipo de comportamento motor” que se pode indicar às pessoas “no sentido de prevenir ou de minorar as queixas de lombalgia”, aclarou Rui Manilha.
Para o fisioterapeuta da seleção nacional de futebol António Gaspar, é normal encontrar na sua atividade futebolistas com lombalgias – alguns “com recorrência” -, sendo algo que inibe os atletas “do desempenho da sua atividade profissional”.
“É sempre um prazer colaborar com a ciência”, acrescentou.
O ex-jogador de futebol Paulo Ferreira, que participa no estudo, sente mais dores lombares desde que acabou a sua carreira, referindo que, por não ter umas costas “muito direitas”, quando passa muito tempo em pé começa “a sentir algumas dores”.
“Sabendo que seria algo útil para o bom funcionamento do corpo humano, coloquei-me à disposição para efetivamente ajudar a perceber muito daquilo que é a compreensão do nosso corpo humano”, salientou Costinha.
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