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UE tem gás para correr com a Rússia da Ucrânia?

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 29-05-2014

Uma das autoras de um livro sobre a política externa da Rússia, apresentado hoje em Coimbra, defendeu que a União Europeia (UE) deve assumir uma “resposta coesa” nas relações com aquela potência, designadamente na questão da Ucrânia.

Maria Raquel Freire, coordenadora da obra “A política externa russa no espaço Euro-Atlântico”, disse à agência Lusa que se verificou, desde o início do atual conflito entre a Rússia de Vladimir Putin e a Ucrânia, “uma incapacidade da Europa para uma resposta dura”, que não fosse uma solução bélica.

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“A União Europeia deveria ter uma resposta mais forte, no sentido de ser mais una”, através da qual a Comissão Europeia e os 28 estados-membros fizessem cumprir as exigências da “política comum de segurança e defesa” do espaço europeu.

Ao explicar que essa possibilidade estava ao alcance da UE, Maria Raquel Freire, docente da Faculdade de Economia de Coimbra (FEUC) na área das Relações Internacionais, lembrou que a própria Alemanha “é um parceiro privilegiado da Rússia”, a quem compra gás.

“Há relações de dependência mútuas” entre Moscovo e Bruxelas, disse, frisando que a Rússia “é muito dependente do mercado europeu”, onde coloca uma parte significativa da sua produção de gás e outros combustíveis fósseis.

Segundo a investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, muitas das dinâmicas analisadas no livro podem ajudar a perceber a anexação da Crimeia pela Rússia, bem como os demais conflitos separatistas no Leste da Ucrânia.

Quanto ao futuro da Ucrânia, que integrou até 1991 a ex-União Soviética, “há a possibilidade de um conflito de baixa intensidade que fragilize o estado ucraniano”, disse à Lusa, por seu turno, a coautora Licínia Simão, também investigadora do CES e docente da FEUC.

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Nas políticas futuras para a Ucrânia, condicionadas pela sua vizinhança com a Rússia, “os europeus poderão ficar ainda mais dependentes dos Estados Unidos”, na sequência dos resultados das últimas eleições para o Parlamento Europeu, defendeu.

Com o crescimento dos candidatos e partidos eurocéticos, “ficámos com um mandato menos europeu”, alertou Licínia Simão, frisando que “a Europa só tem força no mundo quando fala a uma só voz”.

Editado pela Imprensa da Universidade de Coimbra, o livro foi apresentado hoje no auditório da Faculdade de Economia de Coimbra.

Coordenada por Patrícia Daehnhardt, da Universidade Lusíada de Lisboa, e Maria Raquel Freire, do CES, a obra conta com a participação de uma dezena de investigadores de seis universidades portuguesas.

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