Economia
Trabalhadores da Soporcel desempenham o seu papel
Trabalhadores da papeleira Soporcel, em Lavos, Figueira da Foz, continuavam ao final da manhã de hoje concentrados junto aos dois acessos à fábrica, no âmbito de uma greve iniciada às 20:00 de terça-feira.
Num plenário realizado na segunda-feira, os trabalhadores decidiram manter os pré-avisos que determinam dois períodos de paralisação de quatro dias, o primeiro entre as 20:00 de terça-feira e as 24:00 de 31 de maio, e o segundo entre as 00:00 de 02 de junho e as 24:00 de 05 de junho.
As instalações estão seladas “de acordo com a direção fabril”, para impedir a entrada de matéria-prima e/ou a saída de produto acabado, disse à agência Lusa José Pinto, membro das comissões sindical e de trabalhadores da empresa. Mas há algum equipamento que se mantém em funcionamento, como por exemplo uma caldeira, pois a sua paralisação danificá-lo-ia, sublinhou.
Os responsáveis da empresa terão, no entanto, “recuado” e querem que, durante a greve, a unidade possa receber matéria-prima e escoar produto acabado, disse José Pinto, adiantando que representantes dos trabalhadores e da administração da empresa estavam reunidos, ao final da manhã, para debaterem o assunto.
A GNR deslocou ao início da manhã para a empresa alguns elementos, admissivelmente por solicitação da empresa, acrescentou José Pinto, sublinhando que esta força policial se tem limitado a manter no local sem fazer “qualquer intervenção”.
A presença de elementos da GNR junto da Soporcel em Lavos visa prevenir eventuais problemas, disse à Lusa fonte do gabinete de relações públicas da força policial, sublinhando que até ao final da manhã de hoje não se tinha registado “qualquer conflito”.
Segundo José Pinto, a adesão à greve é da ordem dos 90% dos 683 trabalhadores da empresa, embora não tenha dados relativos aos funcionários dos serviços administrativos.
Os trabalhadores da Soporcel protestam contra as alterações ao fundo de pensões que, de acordo com fonte sindical, passará do sistema atual, intitulado de “benefício definido” – a empresa contribui com 08% do salário dos trabalhadores e garante o capital do fundo – para um sistema de “contribuições definidas”, em que a participação da empresa baixa para os 04% (podendo os colaboradores, voluntariamente, contribuírem com a percentagem que quiserem) mas o capital existente no fundo passa a depender das flutuações do mercado e outros aspetos.
Os trabalhadores alegam que com as novas regras vão ter um prejuízo de 40 a 60% nas pensões.
A unidade industrial da Soporcel em Lavos, que integra o grupo Portucel Soporcel, segundo maior exportador nacional em 2013, entrou em funcionamento em 1984 e desde essa data não havia registo da convocação de nenhuma greve dos trabalhadores.
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