Economia

União de Sindicatos de Coimbra confirma greve dos trabalhadores da Soporcel

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 27-05-2014

O coordenador da União de Sindicatos de Coimbra, António Moreira, confirmou hoje à agência Lusa que os trabalhadores da papeleira Soporcel, da Figueira da Foz, vão cumprir vários dias de greve, pela primeira vez na história da empresa.

Num plenário realizado hoje, que terminou já durante noite, os trabalhadores decidiram manter os pré-avisos que determinam dois períodos de paralisação de quatro dias, o primeiro a iniciar terça-feira às 20:00 e a terminar às 24:00 de 31 de maio, e o segundo a começar às 00:00 de 02 de junho até às 24:00 de 05 de junho.

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“A unidade industrial pode estar inativa durante oito a nove dias”, sublinhou António Moreira, elogiando a “coragem e maturidade” dos trabalhadores, que decidiram avançar com o protesto contra as decisões da empresa relativas ao fundo de pensões, discussão que se arrasta há quase seis meses.

Segundo o sindicalista, a responsabilidade está agora do lado da administração, “que ainda tem tempo para poder inverter a situação”.

Em causa no protesto dos trabalhadores da Soporcel está o fundo de pensões da papeleira, que, de acordo com fonte sindical, passará do sistema atual, intitulado de “benefício definido” – a empresa contribui com 08% do salário dos trabalhadores e garante o capital do fundo – para um sistema de “contribuições definidas”, em que a participação da empresa baixa para os 04% (podendo os colaboradores, voluntariamente, contribuírem com a percentagem que quiserem) mas o capital existente no fundo passa a depender das flutuações do mercado e outros aspetos.

Os trabalhadores alegam que com as novas regras vão ter um prejuízo de 40 a 60% nas suas pensões.

Por outro lado, António Moreira lembrou a “sistemática recusa” da administração da empresa, que integra o grupo Portucel Soporcel, segundo maior exportador nacional em 2013, em discutir com os representantes dos trabalhadores um caderno reivindicativo para 2014 apresentado em março e questões de relação laboral.

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A contestação ao novo fundo de pensões levou os trabalhadores da Soporcel a intentarem uma ação judicial, em março, no tribunal administrativo, contra uma deliberação do Instituto de Seguros de Portugal e outra ação judicial, contra a própria empresa e relacionada com questões laborais está, segundo António Moreira, “pronta para avançar” para o tribunal do Trabalho.

“Os trabalhadores estavam habituados a cultivar uma relação de boa-fé e confiança, mas a atual administração tem tomado medidas unilaterais sem negociar com os trabalhadores”, referiu o dirigente sindical.

A unidade industrial da Soporcel, situada em Lavos, Figueira da Foz, entrou em funcionamento em 1984 e desde essa data não havia registo da convocação de nenhuma greve dos trabalhadores.

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