Economia
Trabalhadores da Soporcel anunciam quatro dias de greve e querem parar fábrica
Os trabalhadores da papeleira Soporcel vão cumprir quatro dias de greve pela primeira vez na história da empresa, contra decisões da administração relativas ao fundo de pensões, e querem parar a laboração da fábrica, disse hoje fonte sindical.
“Há uma certeza, a fábrica vai parar, as máquinas vão ser desligadas. É uma greve para parar a laboração”, disse à agência Lusa António Moreira, coordenador da União de Sindicatos de Coimbra.
O sindicalista justificou o recurso à greve – cujo pré-aviso determina uma paralisação de mais de quatro dias, entre as 20:00 de terça-feira e as 24:00 de 31 de maio – por parte dos trabalhadores da unidade industrial situada em Lavos, Figueira da Foz, contra as decisões da empresa relativas ao fundo de pensões, discussão que se arrasta há quase seis meses.
“Os trabalhadores fizeram todo o possível para que a questão fosse resolvida pelo diálogo. É a primeira vez que vão para a greve, sempre houve respeito e confiança mútua na empresa, que esta administração veio por em causa. Consideram que estão a ser maltratados e desrespeitados”, alegou.
Em causa no protesto dos trabalhadores da Soporcel está o fundo de pensões da papeleira que, de acordo com fonte sindical, passará do sistema atual, intitulado de “benefício definido” – a empresa contribui com 08% do salário dos trabalhadores e garante o capital do fundo – para um sistema de “contribuições definidas”, em que a participação da empresa baixa para os 04% (podendo os colaboradores, voluntariamente, contribuírem com a percentagem que quiserem) mas o capital existente no fundo passa a depender das flutuações do mercado e outros aspetos.
Os trabalhadores alegam que com as novas regras vão ter um prejuízo de 40 a 60% nas suas pensões.
Por outro lado, António Moreira lembrou a “sistemática recusa” da administração da empresa, que integra o grupo Portucel Soporcel, em discutir com os representantes dos trabalhadores um caderno reivindicativo para 2014, bem como a recusa da presença nas reuniões de elementos do sindicato do setor, que já representa quase 450 dos cerca de 700 trabalhadores da Soporcel.
A contestação ao novo fundo de pensões levou os trabalhadores da Soporcel a intentarem uma ação judicial, em março, no tribunal administrativo, contra uma deliberação do Instituto de Seguros de Portugal e outra ação judicial, contra a própria empresa e relacionada com questões laborais está, segundo António Moreira, “pronta para avançar” para o tribunal do Trabalho.
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