Coimbra
Candidato liberal diz que hospital fechado em Miranda do Corvo é “surreal”
Um hospital concluído, equipado, mas fechado em Miranda do Corvo, distrito de Coimbra, é um cenário “surreal” apontado pelo candidato presidencial Tiago Mayan Gonçalves num dos períodos mais difíceis da pandemia em Portugal.
Ao longo de três andares espalham-se salas de cirurgia, consultórios, ventiladores, equipamento de imagiologia médica (TAC, RX e ecografia) e 55 quartos. Os plásticos ainda cobrem máquinas, camas, cadeiras e até as televisões.
O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal (IL) tinha programada a passagem pelo Hospital Compaixão, em Miranda do Corvo, mas o encontro com o presidente da Fundação Assistência para o Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP), Jaime Ramos, foi casual.
Os dois percorreram os corredores e salas vazias de médicos, enfermeiros e utentes na unidade hospitalar que está concluída e equipada há mais de um ano, mas que ainda não abriu portas.
“Foi surreal. Foi surreal olharmos para um equipamento com todas as valências, equipamentos topo de gama, valências que eram absolutamente necessárias agora neste contexto, como ventiladores”, afirmou Tiago Mayan Gonçalves, à saída do hospital.
“Surreal”, até porque o país vive um dos momentos mais graves da crise pandémica e muitos hospitais estão a entrar em situação de rutura.
Em Portugal, morreram 9.028 pessoas dos 556.503 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Para Tiago Mayan, independentemente das ideias e das ideologias de como se devem prestar os serviços de saúde em Portugal, “é incompreensível” que toda a capacidade instalada do país não esteja a ser usada, quer a privada ou social.
“Como esta, um hospital em que privados do setor social investiram 10 milhões de euros, um hospital que está disponível para abrir desde 2019 e que, de facto, tem todo um conjunto de valências que seriam absolutamente necessárias neste contexto”, frisou.
O liberal que se candidata a Presidente da República referiu que a região Centro “já está a chegar a um ponto de rutura” e, no entanto, atirou, há “um equipamento com valências únicas que não está a ser utilizado”.
“Vimos ventiladores fechados numa sala que, quando foram necessários, foram imediatamente disponibilizados, sem custos por parte desta instituição, mas continuam aqui fechados”, reforçou.
Lá dentro, Jaime Ramos, mostrou quartos vazios e o candidato aproveitou a deixa para criticar: “internamento em quartos e não em corredores como vemos em hospitais públicos”.
Questionado sobre o porquê de ainda não ter aberto as portas, Jaime Ramos disse que a pergunta teria que ser colocada à ministra Marta Temido e considerou que “falta um sobressalto no país” e que o Governo não pode “ficar cego por politiquices, sectarismo e políticas ideológicas que matam pessoas, que é o que está a acontecer”.
Já Tiago Mayan Gonçalves referiu que “alguém tem que tomar a decisão” e “que a responsável máxima do Ministério da Saúde é o ultimo decisor nesta matéria”.
No decorrer da visita, Jaime Ramos, mostrou os aparelhos de mamografia parados”. Tiago Mayan revelou-se“profundamente preocupado” porque, apontou, neste ano de pandemia o país está a perder o “rasto a diagnósticos oncológicos” o que significa que se poderá a assistir a uma “pandemia oncológica nos próximos tempos”.
“E nada disto está ser considerado quando falamos do combate à pandemia. O combate à pandemia também tem que ser o combate aos problemas de saúde que estão a ser postos de lado”, frisou.
A questão da saúde tem sido um dos temas praticamente diários da campanha do liberal. Na sua opinião, o atual sistema “não garante acesso universal os cuidados de saúde” e “está a por em causa um direito constitucional”.
“Porque o que temos é um país, dois sistemas, em que quem tem acesso à ADSE, a seguros de saúde tem, de facto, acesso a toda a oferta de saúde, privada, social e pública, e depois há o acesso universal às listas de espera de grande parte da população”, sustentou
Instado a comentar o papel do Presidente da Republica nesta temática, Mayan referiu que o chefe de Estado “tem que, pelo menos, ter essa palavra e esse magistério de influência no contexto do maior combate” que o país está a ter.
“O Presidente da República sustenta toda a sua razão de recandidatura no facto de estarmos numa pandemia, então porque não usa a sua voz para falar dos problemas precisamente associados com esta pandemia, já nem lhe peço que fale de outros”, sublinhou.
Texto de Paulo Lima, Agência Lusa
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