Coimbra
Investigadores de Coimbra sugerem como combater fogo nas encostas
Os bombeiros que decidam descer uma encosta no combate a incêndios “em caso algum” devem deixar vegetação não queimada entre eles e a linha de fogo, segundo uma recomendação do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF).
Esta proposta surge no “Protocolo para combate a incêndios em encostas”, que o CEIF, dirigido por Domingos Xavier Viegas, tem divulgado junto de diferentes corpos de bombeiros.
“O ataque é feito a partir da zona queimada e em caso algum se deve deixar vegetação não queimada entre o pessoal e a linha de fogo”, sublinha o documento, a que a agência Lusa teve acesso.
Caso não haja alternativa, “senão combater o fogo encosta abaixo”, esta é uma das regras defendidas pela equipa daquele professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Os meios terrestres devem assegurar-se que “existem pontos de ancoragem para fazer o combate, quer na parte de cima quer na parte de baixo da encosta”, e que a linha de fogo “foi reconhecida em toda a sua extensão e que não há possibilidade” de as chamas cercarem “a posição do grupo de combate” na parte inferior.
No fundo da encosta, devem existir “meios em vigilância e prontos a intervir”, sendo ainda necessário garantir que “não existe qualquer desfiladeiro na proximidade da zona de intervenção”.
O declive e o tipo de solo não deverão ser “de molde a facilitar as quedas ou a dificultar a retirada, encosta acima”, alerta o CEIF.
“No caso de faltar algum elemento importante – por exemplo, parte de um grupo ou meios aéreos de apoio – é preferível aguardar pela chegada e prontidão desses meios antes de iniciar a manobra”, recomenda.
Por fim, importa haver “zonas de segurança e condições para serem alcançadas sem dificuldade, em todas as fases da manobra”, segundo o documento, que incorpora conclusões da Interagency Standards for Fire and Fire Aviation Operations, dos Estados Unidos, além de “algumas lições” de incêndios estudados pelo CEIF.
Entrevistado pela Lusa, Xavier Viegas preconizou o incentivo público à permanência de famílias nas zonas florestais, em condições de segurança.
“Que não se pense resolver o problema dos incêndios apenas com as estruturas estatais, que é como o sistema está agora, demasiado, esquecendo por completo a população”, opinou.
No ano passado, morreram em Portugal 11 pessoas envolvidas em ações de combate a incêndios.
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