Economia

Em vez de “estoirar 3 mil ME”na TAP o Estado devia baixar taxas aeroportuárias

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 17-12-2020

O presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, defendeu hoje que em vez de “estoirar três mil milhões de euros com a TAP”, o Estado português devia baixar as taxas aeroportuárias, como um incentivo à retoma no próximo ano.

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“Em vez de estoirar três mil milhões de euros a subsidiar a TAP, que vai perder o dinheiro de qualquer forma, [o Governo português] devia colocar algum desse dinheiro na ANA e nos aeroportos, para baixar as taxas aeroportuárias, como um incentivo para a retoma no verão e inverno de 2021”, defendeu o CEO da Ryanair, que participava no ‘webinar’ “Haverá retoma sem transporte aéreo?”, promovido pelo Jornal Económico e pela consultora BDC.

“Assim, todas as companhias aéreas e os passageiros que visitam Portugal podiam beneficiar”, acrescentou.

Michael O’Leary defendeu ainda que “Portugal pode liderar a recuperação europeia”, mas, para isso “tem de baixar as taxas aeroportuárias e as taxas para os passageiros a tempo do verão de 2021”, como “outros países estão a fazer”.

“Em primeiro lugar, a eliminação da estúpida taxa ambiental de dois euros. Portugal não pode ser o único país na Europa a propor um aumento de taxas, numa altura em que a indústria do turismo precisa de recuperar”, argumentou o presidente da companhia ‘low cost’.

O responsável da transportadora aérea irlandesa criticou, ainda, o facto de se falar no novo aeroporto do Montijo há cinco anos, mas ainda se estar “a tratar de ‘tretas’, como estudos”. “Abram o Montijo, com urgência, e voaremos para lá”, apelou.

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Michael O’Leary considerou também fundamental a distribuição de ‘slots’ que pertencem à TAP no aeroporto de Lisboa, uma vez que “agora a TAP está a reduzir a frota em 20% e, por isso, vai ter menos 20% de aviões a voar no próximo verão”.

“Libertem esses ‘slots’ para a Ryanair e outras companhias que precisam deles, de forma a aumentar a concorrência e a capacidade no mercado”, apontou.

Nem a legislação laboral portuguesa escapou às críticas de Michael O’Leary, que não consegue chegar a acordo com o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que considera que a Ryanair quer propor acordos ilegais aos tripulantes de cabine.

“[Em Portugal] temos inspetores do Trabalho a fazer-nos perder o nosso tempo”, considerou o responsável irlandês, apontando aquele que considera ser mais um constrangimento à atividade da aviação, que deve ser ultrapassado para se recuperar da crise que o setor vive.

Em resposta a Michael O’Leary, o secretário de Estado adjunto e das Comunicações, Hugo Santos Mendes, disse compreender “que Ryanair gostasse de ficar com todos os ‘slots’ da TAP em Lisboa”, bem como “que a ACT [Autoridade para as Condições de Trabalho] fosse menos assertiva no cumprimento da lei portuguesa”, mas garantiu que isso não vai acontecer.

O governante, que sublinhou que participava enquanto tutela do setor da aviação e não como acionista da TAP, não quis responder às provocações de Michael O’Leary em relação à transportadora aérea portuguesa, que agora é detida em 72,5% pelo Estado e que está a ser alvo de um auxílio público e de uma reestruturação.

Quanto à taxa de carbono no valor de dois euros aplicada aos passageiros, aprovada pelo parlamento em sede de Orçamento de Estado, Hugo Santos Mendes disse duvidar que aquele valor seja sentido no global do preço do bilhete de avião, que até já sofreu um decréscimo de 15% a 20%.

“Se dois euros fizessem diferença na retoma do setor da aviação […] significaria que Portugal seria um péssimo destino” em termos turísticos, argumentou.

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