Coimbra

Investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra vence bolsa no valor de 2 milhões de euros

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 14-12-2020

Uma bolsa Consolidator do Conselho Europeu de Investigação (ERC), no valor de 2 milhões de euros, foi atribuída a Patrícia Vieira, investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, para concretizar o projeto de investigação «ECO – Animais e Plantas em produções Culturais sobre a Amazónia / ECO – Animals and Plants in Cultural Productions about the Amazon River Basin».

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De acordo com Patrícia Vieira, «o ECO tem como desafio principal estabelecer os parâmetros para pensar sobre a cocriação artística entre seres humanos e não humanos, refletindo sobre a inscrição da flora e da fauna na cultura humana a partir da bacia amazónica». 

Numa época de devastação ambiental como a que atravessamos, em particular na Amazónia, o ECO procura examinar o papel das plantas e dos animais como seres ativos na criação de textos, filmes e obras de arte, nos quais deixam traços do seu modo de existência. O projeto baseia-se na visão dos seres não-humanos em cosmologias Indígenas e ribeirinhas da Amazónia, assim como em reflexões sobre formas não-humanas de expressão desenvolvidas no contexto da filosofia ambiental e da ecocrítica.

O ECO analisa mitos e lendas, literatura oral, romances, poesia, canções, cinema, pinturas e esculturas que dão voz a animais e plantas amazónicos e que resistem a atitudes hegemónicas, extractivistas e predatórias em relação a seres não humanos e humanos. Neste sentido, ainda de acordo com a investigadora responsável, «o objetivo mais alargado de ECO é chamar a atenção para a centralidade de animais e plantas na cultura humana e refletir sobre formas de coexistência entre seres humanos e não-humanos, partilhando o planeta de forma justa.». 

Patrícia Vieira é investigadora no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. As suas áreas de investigação são Literatura Comparada, Estudos de Utopia e as Humanidades Ambientais. O seu livro mais recente é States of Grace: Utopia in Brazilian Culture (Editora SUNY, 2018) e os seus projetos de investigação em curso centram-se na cultura da Amazónia e na mente das plantas. Para ver uma entrevista sobre o seu trabalho mais recente, por favor, consultar Amazônia Latitude. Para outras informações consultar: http://www.patriciavieira.net 

Esta “bolsa” é já o sétimo financiamento do ERC que o CES obtém nos últimos anos, conseguidos nos concursos mais competitivos da Europa, atingindo um total de cerca de 13 milhões de euros. Depois da Advanced Grant atribuída a Boaventura de Sousa Santos (2010), no valor de 2,4 milhões de euros, para o projeto de investigação «ALICE – Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo», das Starting Grants outorgadas a Ana Cristina Santos (2013), para realizar o projeto «INTIMATE – Cidadania, Cuidado e Escolha: A Micropolítica da Intimidade na Europa do Sul» (1,4 milhões de euros), e a Miguel Cardina (2016), para desenvolver o projeto «CROME – Memórias cruzadas, políticas do silêncio: as guerras coloniais e de libertação em tempos pós-coloniais» (1,4 milhões de euros), e das Consolidator Grants atribuídas a Margarida Calafate Ribeiro e Helena Machado (2015), para desenvolverem, respetivamente, os projetos «MEMOIRS – Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias» (1,9 milhões euros), «EXCHANGE – Geneticistas forenses e a partilha transnacional de informação genética na União Europeia: relações entre ciência e controlo social, cidadania e democracia» (1,8 milhões de euros), e a Silvia Rodríguez Maeso (2016) para concretizar o projeto «POLITICS – A política de antirracismo na Europa e na América Latina: produção de conhecimento, decisão política e lutas coletivas» (1,9 milhões de euros).

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As bolsas ERC que, com o apoio da UE, financiam a investigação de excelência no espaço europeu, têm sido pouco atribuídas a cientistas em Portugal. Neste concurso, em que o ERC atribui bolsas a 11 investigadores/as portugueses/as, foram aceites cerca de 2.500 candidaturas (com apenas cerca de 13% a conseguirem aprovação), tendo sido distinguidos, no global, 327 investigadores em 23 países, com um apoio de 655 milhões de euros. O objetivo das bolsas Consolidator do ERC é o de apoiar as/os investigadoras/es numa fase em que estão a consolidar as suas equipas de investigação independentes.

Neste cenário, é de relevar mais esta atribuição a estudos conduzidos no Centro de Estudos Sociais, representativa da qualidade e inovação de projetos que são desenvolvidos pelas/os cientistas da instituição.

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