Coimbra
GEFAC homenageia Louzã Henriques
O Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC) homenageia o médico e antigo preso político Louzã Henriques com a 15.ª edição das Jornadas de Cultura Popular, centradas na resistência, cultural e política.
As Jornadas de Cultura Popular procuram homenagear aquele que é também seu sócio honorário e que teve “um papel muito importante na vida do GEFAC”, sublinhou Amanda Guapo, da comissão do evento.
Manuel Louzã Henriques, apesar de não ter estado presente na fundação do GEFAC por na altura “estar preso”, sempre “acompanhou a preparação dos espetáculos e os processos de investigação, devido ao conhecimento que tem na cultura tradicional portuguesa”, contou.
Esta homenagem vem também ao encontro da comemoração dos 40 anos do 25 de Abril, por o médico e antigo preso político “ser uma figura incontornável da resistência antifascista”, frisou.
Contudo, as Jornadas não falam apenas de “resistência política, mas também da resistência a processos de aculturação e das persistências de elementos de outras culturas na nossa cultura”, explicou Amanda Guapo.
“Ainda hoje, há registos da cultura árabe e judaica que fazem parte do nosso dia-a-dia”, referiu a membro da organização, constatando que o canto da pastora e artista Catarina Chitas, gravado pelo musicólogo Michel Giacometti, se assemelha muito “a alguns cantos árabes”.
As Jornadas começaram a 27 de abril, com a inauguração da exposição “O Som e a Casa”, que congrega 30 objetos, da coleção de Louzã Henriques, que “refletem a entrada dos mecanismos de reprodução de música nas casas das pessoas”.
Na exposição, presente no Museu Nacional Machado de Castro até 15 de junho, será possível encontrar “fonógrafos, gramofones, caixas de música, rádios a válvulas e transístores”, informou Amanda Guapo, salientando que na mesma exposição se encontra “um rádio da antiga Emissora Nacional, usado como meio de propaganda do Estado Novo”.
A exposição foi concebida e pensada por Louzã Henriques, estando os objetos “dispostos de forma a que as pessoas, ao olharem, percebam a evolução ao longo dos anos”.
Depois da exposição, será também realizado um colóquio “com diferentes personalidades e estudiosos”, em que se irá abordar a “resistência no seu sentido lato”, refletindo sobre “a música de intervenção enraizada na música tradicional, a estética literária, movimentos estudantis e resistência antifascista e resistências em práticas e costumes populares portugueses”, explanou.
Para além da exposição e do colóquio, também fazem parte das Jornadas uma mesa redonda dedicada “à resistência política”, que ainda não tem data marcada, e o espetáculo “Jardins Suspensos”, que decorreu na segunda-feira na Real República Palácio da Loucura e que a partir de “ideias e textos de Manuel Louzã Henriques” criou um projeto “pluridisciplinar” com performance teatral, dança, música e leitura de poesia.
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