Políticos
Mota Amaral defende alteração do sistema eleitoral para “fim de monopólio dos partidos”
O ex-presidente da Assembleia da República Mota Amaral defendeu hoje em Coimbra uma alteração do sistema eleitoral para o “fim de monopólio dos partidos” e incentivo a candidaturas alternativas por parte de cidadãos ao parlamento.
“Uma das doenças da nossa democracia será a partidocracia”, afirmou João Bosco Mota Amaral, considerando que é necessário “aumentar o poder dos cidadãos”.
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O ex-presidente do parlamento e do Governo Regional dos Açores constatou que “há um afastamento dos cidadãos” da política, sendo importante “aproximar os eleitores dos eleitos e de responsabilizar os eleitos”.
“É fundamental corrigir este ponto para que a democracia possa respirar”, referiu o também antigo deputado pelo Partido Popular Democrático (PPD), durante a conferência de celebração dos 40 anos do 25 de Abril da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).
O historiador Amadeu Carvalho Homem, que também discursou na iniciativa da ANMP, referiu que está a ser criada em Portugal “uma jotacracia”, frisando que “há contenção de despesas na educação e na saúde mas não há contenção para contratar jovenzinhos de maus cursos de más universidades para serem assessores no Governo”.
O docente da Universidade de Coimbra salientou que há uma “cisão inaceitável entre povo e políticos”, em que o “cidadão que não pertence a camadas profissionais mais ativas e mais protegidas está pura e simplesmente entregue aos bichos”.
“O risco deste regime, nos seus 40 anos, é de estar a ser cavado um fosso entre nós e eles [políticos], em que o que pode acontecer é nós dizermos que isto não vale a pena”, frisou, alertando que, caso não se concebam mecanismos de participação, “a democracia só tem uma alternativa que é a ditadura, encapotada ou explícita”.
O historiador disse ainda que seria importante “a introdução de voto obrigatório”, por o considerar “um dever”.
Manuel Machado, presidente da ANMP, que encerrou a conferência, sublinhou que “os autarcas têm o papel de evitar que a maior obra pública do 25 de Abril, o Estado Social, não seja implodida ou destruída”.
A conferência realizou-se na sede da ANMP, tendo tido como moderadora Maria Odete Isabel, presidente da Câmara da Mealhada, eleita nas primeiras autárquicas após o 25 de Abril.
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