Coimbra

República dos Galifões solicita reconhecimento como entidade de interesse histórico e cultural

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 06-11-2020

O executivo da Câmara Municipal (CM) de Coimbra vai analisar e votar, na sua reunião da próxima segunda-feira, uma proposta para o eventual reconhecimento da Associação República dos Galifões como entidade de interesse histórico e cultural ou social local. A ser aprovada a intenção de candidatura, a decisão será submetida a um período de consulta pública de 20 dias, para que, por fim, seja elaborado o relatório final e concedido o reconhecimento à associação. Recorde-se que a CM Coimbra já reconheceu 15 repúblicas de estudantes e duas “Loja com História”.

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A Associação República dos Galifões indica como data da sua fundação, na sua ficha de candidatura, o ano 1947, sendo apresentadas evidências que atestem que a república tem, pelo menos, mais de 25 anos de existência e que teve uma importante participação nas crises académicas dos anos 60. Na crise de 1962, Francisco Leal Paiva, repúblico dos Galifões, era presidente da Direção Geral da Associação Académica de Coimbra e acabou expulso de todas as escolas nacionais por um período de dois anos, devido à realização do I Encontro Nacional de Estudantes. Há ainda elementos, cartas e relatórios da PIDE, que atestam a prisão de Galifões nesses anos que vão de 62 a 69, existindo ainda, alusivo a este período, um mural pintado numa das paredes da casa que faz referência ao Dia do Estudante, comemorado em 1962.

É, assim, atestada a sua longevidade e relevância histórica no contexto académico e tradicional de Coimbra, com mais de setenta décadas, destacando-se o papel desempenhado pelos seus membros nas crises de 1962 e 1969, bem como, nos documentos apresentados, é evidenciado “o seu envolvimento na vida cultural e festiva dos estudantes da Universidade, quer pela participação nas festas académicas, quer pela organização de eventos socioculturais, que vão desde a confraternização de antigos e atuais repúblicos à organização de iniciativas de divulgação da Canção de Coimbra”, lê-se na informação técnica dos serviços municipais. A informação destaca ainda a valorização que a república prestou à sua identidade, traduzida na adoção e manutenção de uma bandeira, um hino e um logotipo próprio, e a forma como as sucessivas gerações tornaram a sua sede num espaço de liberdade e confraternização, com a realização, entre outros eventos, dos anuais Centenários.

Considera-se, ainda, que a República dos Galifões é “um espaço baluarte de preservação da memória da vivência académica nos anos de mais intensa contestação política, fruto de forte convívio e solidariedade dentro da comunidade académica”, constituindo, assim, um inegável património imaterial da história académica de Coimbra do século XX, registado em testemunhos escritos e fotográficos de sucessivas gerações de repúblicos, lê-se na mesma informação, que realça também o esforço da República dos Galifões na manutenção e preservação do seu património material, nomeadamente no que diz respeito às pinturas murais interiores e ao seu espólio documental.

Recorde-se que a CM Coimbra aprovou, na sua reunião de 5 de março de 2018, uma ficha de candidatura para a instrução de processos de reconhecimento e proteção de estabelecimentos e entidades de interesse histórico e cultural ou social local, de forma a auxiliar os estabelecimentos que pretendessem ver efetivado esse reconhecimento. O objetivo passa, pois, por simplificar o procedimento, para que os estabelecimentos que se enquadrem nas categorias previstas na lei possam desencadear, com maior celeridade e simplicidade, o seu processo de pedido de reconhecimento como entidade de interesse histórico e cultural ou social local. Desde então a CM Coimbra já reconheceu 15 repúblicas de estudantes e duas “Loja com História”.

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