Cidade
Misericórdias de Coimbra vendem património para fazer face a despesas com a pandemia
Algumas misericórdias do distrito de Coimbra estão a vender património para fazer face ao aumento das despesas provocado pela pandemia de covid-19, alertou hoje o Secretariado Regional.
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“Corremos o risco de muitas instituições entrarem em dificuldades financeiras graves [se a atualização do apoio do Estado for de apenas 2% em 2021]. Muitas delas estão já a recorrer a outras valências, como venda de património para cumprir os seus compromissos”, afirmou o presidente do Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias, António Sérgio Martins, que falava numa conferência de imprensa que decorreu hoje, na cidade.
Segundo o responsável, as misericórdias do distrito já tinham “um problema de sustentabilidade” antes do início da pandemia, agravado agora com os custos associados à covid-19 nas suas estruturas.
“Há instituições a gastar 500 euros por dia em equipamento de proteção individual e ninguém previa esse custo”, salientou, referindo que o aumento do salário mínimo nacional em 2021 – medida que subscrevem – vai agravar a situação, defendendo que deveria ser feito um reforço por parte da tutela no apoio às misericórdias para acompanhar esse incremento na despesa.
Face à situação, António Sérgio Martins disse que várias instituições já estão a vender algum do património que lhes foi sendo doado, notando que “basta ir ver as convocatórias das assembleias gerais” das misericórdias.
O provedor da Misericórdia de Montemor-o-Velho, Manuel Carraco, também presente na conferência de imprensa, apontou para a situação da instituição que lidera, em que já há escrituras marcadas para venda de algum património antes do fim do ano.
Segundo o responsável do Secretariado Regional de Coimbra, ainda não foi registado qualquer infeção ou óbito por covid-19 nos lares das instituições do distrito, realçando, porém, que são necessárias mais medidas para prevenir casos.
Na conferência de imprensa, António Sérgio Martins defendeu que devem ser criados hospitais de campanha de âmbito supraconcelhio, reforçar a capacidade de testagem, manter encerradas as respostas de centro de dia e testar não apenas funcionários mas também utentes dos lares de idosos, entre outras medidas.
O presidente do Secretariado Regional referiu que foi também apresentada uma proposta para concentrar os hemodialisados num local em Coimbra disponibilizado pelas misericórdias, em parceria com a Cruz Vermelha, por forma a evitar a sua deslocação a hospitais, mas que não tiveram “a colaboração necessária” por parte do Estado.
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já matou entretanto mais de um 1,1 milhões de pessoas em todo o mundo, infetando mais de 45,1 milhões.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 2.428 óbitos entre 132.616 infeções confirmadas.
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