Coimbra

Investigadores de Coimbra querem Drones a recolher lixo nas praias

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 27-09-2020

A utilização de aparelhos aéreos não tripulados, vulgarmente conhecidos por ‘drones’, para recolher lixo depositado nas praias costeiras portuguesas é o objetivo de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), a ser operacionalizado depois de 2022.

Paula Sobral, Filipa Bessa, Luísa Gonçalves e Gil Gonçalves

A equipa de investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores de Coimbra (INESC) tem em curso, desde 2018, um projeto de localização e mapeamento do lixo marinho em três areais da Figueira da Foz, mas de futuro a ideia é que os próprios ‘drones’ possam recolher os detritos acumulados na praia e nas dunas circundantes, constituídos, maioritariamente, por resíduos de plástico.

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“O futuro é obviamente os ‘drones’ limparem as praias, já não estamos muito longe. Esta primeira etapa é de mapeamento e localização do lixo e numa segunda etapa irá um ‘drone’ mais potente, com uma mão robotizada, pegar no lixo e trazê-lo. O lixo menos pesado”, disse aos jornalistas Gil Gonçalves, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e investigador do INESC.

Em declarações à margem de uma sessão de demonstração, realizada na praia da Leirosa, no sul do concelho da Figueira da Foz, litoral do distrito de Coimbra, Gil Gonçalves estimou que após o término da atual investigação, daqui por dois anos, será possível existir um projeto relacionado com a recolha de lixo pelos aparelhos aéreos não tripulados.

De acordo com informação disponibilizada pela UC, a investigação em curso, que inclui também cientistas do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE-UC) e Universidade Nova de Lisboa (NOVA.ID_MARE), utiliza “sensores óticos e multiespectrais para a deteção, busca e inspeção autónoma de lixo marinho em áreas costeiras”.

Por outro lado, o projeto engloba dois aparelhos aéreos distintos: um ‘drone’ de baixo custo (‘low-cost’), idêntico aos disponíveis comercialmente a qualquer interessado, que regista a “abundância” de lixo existente nas praias, isto é, permite perceber a quantidade existente e outro aparelho “mais caro” que serve para caracterizar o tipo de lixo, como saber se é plástico, esferovite ou outro material, frisou GIl Gonçalves.

Segundo Gil Gonçalves, o sistema utiliza igualmente componentes de inteligência artificial para “categorizar automaticamente o lixo” e permitir a sua recolha, agora ainda com recurso aos meios tradicionais.

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Se por um lado, a quantificação da abundância de lixo existente na praia (da qual a investigação produziu já mapas dos areais sob estudo) “pode ter interesse” para uma Câmara Municipal “saber para onde mobilizar a equipa de recolha”, já a utilização de um ‘drone’ com capacidades de categorização do lixo, obrigará a um investimento mais avultado da parte de eventuais interessados, como autarquias ou entidades governamentais, admitiu.

“Têm de ponderar se vale a pena investir ou não. Eu acho que vale a pena”, argumentou o investigador do INESC.

Um ‘drone’ com capacidade para retirar lixo da praia, como o que Gil Gonçalves espera que possa existir depois de 2022, “será ainda mais ‘high cost’, mais alto custo, porque tem de ser robotizado, tem de ser programado”, antecipou .

Questionado sobre o estado dos detritos nas praias da costa portuguesa, o investigador baseou-se em conversas que tem mantido com colegas de outros locais como a América Latina ou a Ásia, frisando que “a quantidade de lixo [em Portugal] não tem nada a ver com o problema que eles têm”.

Já Filipa Bessa, investigadora do MARE-UC, frisou que os resultados já conseguidos pelo projeto, dão nota de que “os ‘drones’ são efetivos no mapeamento de grandes objetos de plásticos” encontrados nas praias e podem dar “uma resposta muito rápida” sobre o tipo de lixo, quando comparada com a observação humana.

A investigação não se tem cingido aos areais mas também às dunas: “Merecem ser protegidas porque são zonas muito frágeis e com estes métodos rápidos de mapeamento conseguimos saber a quantidade de lixo existente, sem termos de pisar estes ecossistemas tão frágeis”, indicou.

De acordo com Filipa Bessa, a Leirosa – uma praia definida pelo projeto como “mais industrial” por se localizar nas imediações de uma grande indústria de celulose – “acumula lixo todo o ano”, não só no areal “devido a fatores ambientais”, mas também nas dunas adjacentes.

O projeto incide ainda sobre a praia de Quiaios, no norte do concelho, mais afastada da pressão urbana e considerada “a praia mais limpa” das três que integram a investigação e a do Cabedelo, “mais urbana” e “recreativa”, localizada junto ao molhe sul do rio Mondego e conhecida por ser bastante frequentada por turistas e surfistas “que recebe mais lixo no Inverno”.

“No Verão é um lixo diferente, está mais associado aos fins recreativos”, asseverou a investigadora do MARE-UC.

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