Coimbra
Presidente de Oliveira do Hospital ameaça boicotar eleições
O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, afirma-se disposto a liderar um movimento que, para exigir a construção de rodovias na região, promova ações como boicote das eleições e corte de estradas.
“Já percorremos todos os caminhos da diplomacia” e como “o Governo continua sem nos querer ouvir, estou disponível para liderar um movimento que o obrigue a repensar a estratégia para esta região”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, eleito pelo PS como independente.
“Parece que esta região”, que abrange concelhos como Oliveira do Hospital, Seia, Tábua, Covilhã e Nelas, “não faz parte do país”, sublinhou o autarca, adiantando que vai contactar as câmaras e outras entidades da zona para se unirem na exigência da construção e conclusão dos itinerários complementares (IC) 6, 7 e 37, que ligam a região ao resto do país, designadamente às autoestradas 23 e 25, na Covilhã e em Fornos de Algodres (Viseu), respetivamente.
“Não queremos autoestradas, mas apenas estradas dignas desse nome”, afirma José Carlos Alexandrino, referindo que as vias em causa envolvem um investimento de cerca de 400 milhões de euros, metade dos quais para assegurar a ligação entre Folhadosa (Seia) e Covilhã, por se tratar de uma estrada de montanha, e em relação à qual os autarcas da região compreendem que possa vir a ser construída em função de “um calendário mais dilatado no tempo”.
Mas “o Governo insiste em querer manter a Estrada da Beira [EN 17], que vem do tempo da monarquia, como a principal rodovia da região”, lamenta o presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, garantindo que está disposto a promover o corte do trânsito nesta via e o boicote das próximas eleições europeias, marcadas para 25 de maio.
Se não tiver o apoio dos municípios vizinhos, José Carlos Alexandrino admite que tanto o corte da Estrada da Beira, com recurso a veículos e máquinas do município, como o boicote às eleições europeias sejam promovidos apenas por Oliveira do Hospital.
“Não podermos servir só para pagar impostos e para votar”, salienta o autarca, referindo que vivem na região cerca de 200 mil pessoas e que o seu volume de negócios é da ordem dos quatro mil milhões de euros/ano, parte dos quais para exportação.
Por iniciativa das câmaras de Oliveira do Hospital, Tábua, Covilhã, Nelas e Seia, teve lugar no dia 05 de abril, na Casa da Cultura de Seia, um debate sobre “os investimentos em infraestruturas e a sua importância para o desenvolvimento do espaço sub-regional da Serra da Estrela”, no qual participaram autarcas, empresários, órgãos desconcentrados da administração central, entidades públicas e privadas e organizações político-partidárias, entre outras entidades.
Durante o encontro foi “reafirmada a importância da execução da Rede Rodoviária da Serra da Estrela (IC6, IC7 e IC37) para este território, que compreende uma das zonas ambientais e turísticas mais importantes do país, mas que regista indicadores de desenvolvimento socioeconómico regressivos, que importa corrigir”.
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