A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, defendeu hoje que cabe ao médico ou à equipa de saúde avaliar a situação particular de cada criança com cancro e decidir se deve ou não frequentar a escola.
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A posição de Graça Freitas surge depois de o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa defender que, na generalidade dos casos, as crianças com cancro devem continuar a ir à escola, por não terem riscos acrescidos de contrair o novo coronavírus.
A diretora-geral da Saúde não contrariou a ideia, salientando que é preciso diferenciar os diversos estágios de cancro: “Uma criança com cancro não é necessariamente igual a outra criança com cancro”.
A decisão de ir à escola “depende da fase em que está” a criança e, por isso, da avaliação feita pela equipa que a segue.
Nos casos em que as crianças já estão na fase de recuperação devem voltar a frequentar a escola, salientou Graça Freitas, durante a conferência de imprensa da DGS de balanço da pandemia de covid-19 em Portugal.
“Cada criança terá de ser avaliada pelo seu médico assistente e é o seu médico ou a sua equipa que decidirá. Cada uma destas situações deverá ser vista em particular”, defendeu Graça Freitas.
Nos casos em que as crianças não podem regressar à escola, existem mecanismos que permitem minimizar este impacto.
Há cerca de dois anos que existe uma portaria que prevê soluções para que estas crianças não percam o contacto com a turma nem se atrasem muito nas matérias que estão a ser dadas na sala de aula.
Graça Freitas salientou ainda que “o que é desejável é que retomem a sua via plena em sociedade”.
A diretora do serviço de pediatria do IPO de Lisboa, Filomena Pereira, considerou que não existem atualmente evidências que indiquem que estas crianças têm mais risco de contrair a covid-19 ou de desenvolver formas mais graves da doença, isto, “dependendo da fase de tratamento em que se encontram”.
Segundo a pediatra, “a gripe sazonal pode ter quadros clínicos muito mais graves nestas crianças do que a covid-19”.
“Estas crianças, que estejam em tratamento ou tenham concluído o tratamento, correm riscos acrescidos de contrair uma doença infecciosa, no caso de haver uma varicela ou sarampo e não é por isso que deixam de ir à escola”, exemplificou.
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 1.920 mortes e 69.200 casos de infeção por covid-19, segundo os dados atualizados hoje.