Coimbra
A Escola da Noite estreia “Palhaço velho, precisa-se” a 10 de Setembro
A Escola da Noite estreia a 10 de Setembro, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, o espectáculo “Palhaço velho, precisa-se”, do dramaturgo romeno Matéi Visniec. A nova criação da companhia tem encenação de António Augusto Barros e fica em cena durante quatro semanas, de quinta a domingo.
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“Palhaço velho, precisa-se” (“Petit Boulot pour vieux clown”, na versão original), é uma comédia trágica escrita em 1986 pelo escritor romeno, um ano antes de se exilar em França, face à censura de que os seus textos eram alvo na ditadura de Nicolae Ceausescu. Três palhaços velhos e sem trabalho reencontram-se numa sala de espera para uma entrevista de emprego e precisam de provar que estão à altura da “oportunidade”. No espaço apertado e claustrofóbico da sala de espera, perante uma porta que permanece fechada, os três antigos companheiros experimentam sensações contraditórias: a alegria de voltarem a estar juntos, o sabor agridoce das muitas memórias partilhadas e a amargura da competição a que foram obrigados, para poderem sobreviver.
Como muitas das obras de Visniec, o texto conjuga humor (às vezes negro), tensão, perfídia e constantes oscilações de ritmo, num exigente trabalho de actores a que Igor Lebreaud, Miguel Magalhães e Ricardo Kalash respondem ao longo de 1h45 de espectáculo.
A produção d’A Escola da Noite utiliza a tradução para português feita por Regina Guimarães, tem cenografia de João Mendes Ribeiro e Luísa Bebiano, figurinos e adereços de Ana Rosa Assunção, luz de Danilo Pinto e som de Zé Diogo
Após a estreia, marcada para 10 de Setembro às 21:30, “Palhaço velho, precisa-se” fica em cena no TCSB até 4 de Outubro – às quintas-feiras às 19:00, às sextas e sábados às 21:30 e aos domingos às 16:00. Tendo em conta as limitações à lotação da sala, é ainda mais aconselhável efectuar a reserva de lugares ou a compra antecipada de bilhetes, no Teatro ou pela internet.
Em declarações feitas a propósito de uma encenação deste espectáculo em Fança, Matéi Visniec assumia há uns anos o seu gosto por palhaços, as memórias que guarda da chegada do circo à cidade onde vivia na infância e a impressão que lhe causou o filme “Clowns”, de Fellini: “Escrevi esta peça porque para mim o palhaço é uma personagem que ri enquanto chora e que chora enquanto ri; é ao mesmo tempo o bobo da corte que zomba do seu rei e o louco que diz a verdade; é o espelho impiedoso do seu tempo e o eco infantil do tempo que passa”.
Os palhaços desta peça, contudo, “não correspondem apenas a essa imagem divertida, ou até apaziguadora, de personagens encarregadas, perante a miséria reinante, de trazer um pouco de sol, um pouco de doçura, um momento de vigor, de alegria e consolação àqueles que têm de aguentar o insustentável”. Em “Palhaço velho, precisa-se” eles “podem tornar-se três mesquinhos gladiadores capazes de se matar por causa de um pequeno anúncio”.
Na escrita da peça – acrescentou Visniec – “interessou-me este lado cruel da vida”, “a vida que por vezes nos transforma em palhaços cruéis, em palhaços frágeis, obrigados a exibir-se e a representar a grande comédia social, obrigados até a entrar no jogo da máquina concebida para nos humilhar e nos matar”.
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