Economia
Orizicultores querem central de secagem e armazenamento para tornar arroz do Mondego competitivo
O vice-presidente da Associação Nacional de Industriais de Arroz (ANIA) defendeu hoje a necessidade de os orizicultores do vale do Mondego criarem uma central de secagem e de armazenamento de arroz comum para serem mais competitivos.
O Mondego é a única região orizícola do país (as outras são os vales do Tejo e do Sado), cujos produtores não dispõem uma estrutura de secagem e armazenamento comum, salientou Mário Coelho, que falava à agência Lusa, ao princípio da noite de hoje, em Montemor-o-Velho, à margem da conferência “Em defesa do arroz carolino”.
A central é “indispensável para otimizar a rentabilidade”, sustentou o dirigente da ANIA, salientando que a este acrescem outros problemas, como a pequena dimensão da generalidade dos arrozais e falta de emparcelamento, que explicam a fraca competitividade do arroz naquela região.
“A elevada quantidade de variedades de arroz carolino” contribuiu igualmente para a dificuldade de afirmação do produto, alertou, durante a conferência, Mário Coelho, defendendo que “grande parte da sustentabilidade” do setor no Mondego passa pela seleção e aposta numa muito reduzida gama de variedades.
“A escolha e aposta numa variedade não é fácil” e chegar a um entendimento sobre a variedade de carolino que garante mais qualidade e rentabilidade e convencer os produtores dessa necessidade “é trabalho para anos”, advertiu.
No vale do Mondego “temos variedades interessantíssimas de [arroz] carolino para o mercado interno e para exportação”, desde que “consigamos promovê-lo” e produzi-lo em condições capazes de competir, sublinhou Mário Coelho.
“O carolino não é uma, mas um vasto conjunto de variedades”, frisou, durante a sua intervenção, Reis Mendes, presidente da Casa do Arroz, partilhando a opinião de Mário Coelho e considerando que “o ideal seria que cada variedade” de arroz carolino fosse identificado, pelas suas “características e origem” na embalagem.
Reconhecendo que Portugal não tem condições para competir, “desde logo com os nossos vizinhos” de Espanha, na produção de arroz agulha, Reis Mendes entende que, por isso, mas também pela qualidade do carolino português, se deve apostar neste tipo de arroz.
Todo o setor da orizicultora em Portugal, desde a produção à distribuição, tem “um longo caminho a percorrer”, desde a “organização da fileira”, envolvendo todos os seus agentes, até à “promoção do produto”, afirmou à Lusa Reis Mendes.
É preciso “ter uma visão integrada do negócio do arroz” para garantir a sustentabilidade do setor, defendeu Reis Marques, explicando que é nesta perspetiva que se explica a criação, em 2012, da Casa do Arroz, instituição que representa “cerca de 80% dos produtores de arroz do país e cerca de 60% dos industriais” do setor.
Também para o presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, os orizicultores do vale do Mondego devem, antes mais, apostar na qualidade do arroz que produzem.
“Os produtores não podem continuar a investir numa variedade de carolino” que produza mais quantidade, pensando que assim conseguirão concorrer, alertou o autarca defendendo que “o negócio é, tem de ser, a identidade e a qualidade do nosso arroz, que é único”.
O desafio do município é a promoção dos seus “produtos endógenos” e, portanto, do arroz carolino, mas compete aos produtores garantirem a sua qualidade, sublinhou Emílio Torrão, que falava no encerramento do debate.
Integrado no Festival do Arroz e da Lampreia, dos Sabores do Campo e do Rio, que termina no domingo, 23 de março, em Montemor-o-Velho, o encontro foi promovido pela Câmara de Montemor-o-Velho.
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