Coimbra
Fecha-se tudo nos mesmos sítios sempre
O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade disse hoje não ter ficado surpreendido com o número de organismos públicos encerrados no país, considerando que se fecha tudo nos mesmos sítios e criticando a ausência de ordenamento do território.
Comentando o levantamento feito pela agência Lusa segundo o qual mais de 6.500 serviços públicos encerraram desde 2000, sobretudo no norte e interior de Portugal Continental, o padre Lino Maia afirmou: “O número não conhecia, mas quem anda pelo país verifica que isso é verdade e, depois, o problema é que não há, de facto, ordenamento do território. Fecha-se tudo nos mesmos sítios sempre”.
“Há zonas em que são necessários serviços, senão ficamos sem pessoas no interior”, declarou, em Fátima, distrito de Santarém, à margem da assembleia geral da instituição, referindo: “Está a haver agora uma evasão contínua para o litoral e para fora do país – agora até mais para fora do país – e ficamos com um interior sem pessoas e sem serviços e sem nada”.
Para o presidente da confederação, “é importante que haja ordenamento do território”, mas também “coordenação”.
“Se é preciso ou se se justifica que se encerre alguma coisa, que não se encerre tudo nos mesmos sítios, que se deixem serviços de saúde num sítio, de justiça noutro sítio, das comunicações noutros sítios e coordenando isto tudo para que haja alguma atração das pessoas para o interior”, preconizou.
Segundo o sacerdote, mantendo-se esta tendência corre-se o risco de haver um interior sem pessoas, sem serviços e deprimido e um “litoral sem capacidade de resposta para as pessoas”.
Mais de 6.500 serviços públicos encerraram desde 2000, sobretudo no norte e interior de Portugal Continental, e mais de 150 devem encerrar proximamente, de acordo com um levantamento feito pela agência Lusa junto de entidades oficiais locais.
Segundo este levantamento, feito principalmente junto das Câmaras Municipais, foi possível verificar o encerramento de 6.562 organismos e serviços públicos, entre os quais 4.492 escolas, 249 extensões de saúde e 411 estações de correios, além da diminuição de 1.168 juntas de freguesia e do fim dos 18 governos civis.
Viseu, com 707, Santarém (535), Porto (514) e Aveiro (492) são os distritos onde mais serviços foram encerrados, seguidos de Viana do Castelo (460), Braga (452), Vila Real (439), Coimbra (435) e Bragança (420).
As escolas foram os serviços que mais encerraram, um fenómeno que foi acentuado entre 2005 e 2011, e Viseu, com 555 escolas encerradas, foi o distrito onde mais estabelecimentos fecharam, seguido de Santarém (413), de Aveiro (361) e de Viana do Castelo (354).
“Não tinha conhecimento do número, mas não me surpreende e volto a repetir, o problema é que é nas mesmas localidades em que é tudo encerrado”, reiterou Lino Maia, lamentando: “Não há um serviço numa área e outro serviço noutra área para podermos continuar a prestar apoio”.
O presidente da confederação referiu que as instituições de solidariedade estão a prontificar-se para aproveitar os equipamentos devolutos “para reativar a atividade económica neste interior e criar serviços de proximidade”.
“É para aqui que temos de apontar as nossas setas”, defendeu ainda o padre Lino Maia.
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