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Trabalhadores dizem que atual quadro de pessoal do Super Bock Group é “anémico”
Os trabalhadores do Super Bock Group dizem que o atual quadro de efetivos da empresa é “anémico” e “claramente insuficiente”, depois de em junho a empresa ter anunciado a redução de 10% da sua força de trabalho.
Em comunicado, a Comissão de Trabalhadores da empresa cervejeira deu conta de uma reunião que ocorreu na passada terça-feira, na qual, além desta entidade, estiveram presentes delegados e dirigentes sindicais do Sintab (Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal) e do Sinticaba (Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Industria e Comércio de Alimentação, Bebidas e Afins), assim como representantes da União dos Sindicatos do Porto e da CGTP.
Na mesma nota, os representantes dos trabalhadores referiram que “o atual quadro de efetivos da Super Bock é, indubitavelmente, neste momento, anémico e claramente insuficiente para as necessidades atuais, fruto dos cortes cegos e irresponsáveis nas anteriores reestruturações, bem presentes na memória de todos os trabalhadores, por tão duros quanto recentes”.
Segundo o comunicado, esta questão é comprovada, “de forma cristalina, na área industrial, pelo recurso excessivo à mão de obra subcontratada, à externalização de serviços, ao trabalho temporário e ao trabalho suplementar em níveis despudoradamente acima do que é legal”.
Os representantes dos trabalhadores alertaram para uma situação semelhante “na área administrativa”, tendo em conta o que dizem ser a “normalização do prolongamento da jornada de trabalho e desregulação do horário” sendo que estes funcionários acabam por levar “trabalho para casa”, que, em conjunto com o alargamento do horário de trabalho são as “únicas formas de dar conta das tarefas que lhes foram sendo atribuídas em acumulação”, criticaram as estruturas.
Na mesma nota, os trabalhadores garantiram que existe um “recente acentuar de ataques aos direitos dos trabalhadores, evidente na comunicação da intenção de antecipar o fim do regime de laboração contínua, em alternativa às rescisões contratuais, incumprindo unilateralmente um acordo assinado e válido até março de 2021, na altura sob grande pressão da empresa”.
As organizações indicam ainda que asseguram, “a defesa de todos os trabalhadores que decidam não ser ainda o momento oportuno para abdicar do seu emprego, e a certeza do direito à estabilidade económica e social que apenas se garante pelo nobre cumprimento dos acordos responsavelmente firmados, como é o caso do acordo de laboração contínua”.
Na mesma nota, as estruturas representativas dos trabalhadores do grupo questionam ainda se “na lógica que a empresa defende e assenta na redistribuição de tarefas por um menor número de trabalhadores, a administração sofrerá as mesmas medidas, reduzindo efetivos, redistribuindo responsabilidades”.
No dia 16 de junho, o grupo anunciou que iria reduzir a sua força de trabalho em 10%, devido ao impacto da pandemia de covid-19.
A “significativa redução da atividade do Super Bock Group provocada pelo efeito da pandemia covid-19, bem como o cenário de recessão previsto para o futuro próximo, forçam a empresa a reajustar a sua estrutura para defender e proteger a sustentabilidade do grupo”, referiu, numa nota.
O mesmo comunicado indicou que a paragem e atuais constrangimentos do canal HoReCa (hotéis, restaurantes e cafés), que “representa cerca de 70% do mercado de bebidas refrescantes em Portugal (fonte Nielsen)” irão “prolongar-se e continuar a ter um significativo impacto no desempenho do Super Bock Group”.
“Esta difícil decisão implica um reajustamento que afetará cerca de 10% da força de trabalho em diferentes áreas da organização”, sendo “tomada perante uma conjuntura excecional e foi anunciada, esta tarde, à Comissão de Trabalhadores e a todos os colaboradores do grupo num processo que terá início este mês de junho”, adiantou a empresa.
Além da cerveja Super Bock, o grupo conta ainda com as marcas de águas Pedras e Vitalis, a sidra Somersby, entre outras, além de uma aposta no turismo, com unidades hoteleiras, como o Vidago Palace e o Pedras Salgadas Spa & Nature Park.
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