Cidade
Alunos da Escola de Teatro do Colégio São Teotónio declamam os seus poetas favoritos na estação de comboios de Coimbra
Oito alunos da Escola de Teatro do Colégio São Teotónio declamaram hoje de manhã, véspera do Dia Mundial da Poesia, poemas de Fernando Pessoa, Florbela Espanca e Alexandre O’Neill, entre outros, a pessoas que chegavam e que partiam da estação de comboios de Coimbra.
“Já a estávamos a despachar, que pensávamos que fosse algum peditório”, disseram Madalena Rainha e Isabel Santos, que chegavam da Figueira da Foz quando foram interpeladas por uma jovem que lhes declamou um poema de Florbela Espanca, no âmbito do festival de poesia Mal Dito.
O poema “mexeu” com Isabel Santos, contando que “foi uma boa forma de chegar à estação” e que “havia de haver mais” iniciativas idênticas.
“Tenho a 4.ª classe e não percebo nada disto. Não sei o que queria dizer, mas era bonito”, contou Cidália Cajão, que fazia o percurso inverso de Isabel e Madalena.
Apesar de não ter compreendido o poema que lhe declamaram, afirmou que a iniciativa “é boa para os jovens, para que eles se divirtam, que eles vão passar tempos difíceis”.
Márcia Fonseca, de 18 anos, uma das jovens que declamava poemas na estação, não esperou que o “Aniversário”, de Fernando Pessoa, pudesse emocionar uma das senhoras que interpelou.
“Faz hoje dois anos que o marido da senhora morreu. Disse-me que precisava deste momento e que foi a melhor coisa do dia”, contou Márcia.
Graça, funcionária da estação, também teve direito à declamação de um poema, louvando a “iniciativa”, por considerar que a poesia “trouxe alegria a este espaço que está tão degradado”.
“Faz-nos lembrar os tempos de liceu e os poetas de que gostamos”, sublinhou, referindo que é necessário “incutir o gosto pela poesia aos mais novos”.
Outros, como Joaquim Gaspar ou Belarmino, que estavam sentados na estação de comboios, apesar de se inclinarem “pouco para estas leituras”, também parabenizaram os jovens que declamavam os poemas.
Os oitos alunos, que querem seguir teatro, tiveram, por vezes, que aceitar a rejeição das pessoas que passavam, ora apressadas para entrar no comboio, ora apressadas para sair da estação.
Ao longo da iniciativa, ouviam-se as vozes dos jovens a sobreporem-se umas às outras, enquanto liam Alexandre O’Neill, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Bocage ou David Duarte.
“É lindo. É incrível. Os estudantes são todos uns artistas. Isto devia era acontecer mais vezes”, frisou Garrido António, que se apressava para apanhar o comboio para Pereira, no concelho de Montemor-o-Velho.
O festival Mal Dito, que conta com mais de
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