Cidade
Assembleia Municipal repudia desmantelamento de serviços de saúde em Coimbra
Uma moção apresentada pelo PS, hoje aprovada pela Assembleia Municipal (AM) de Coimbra, manifesta “repúdio pela ação de administrações cessantes do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)”, que têm “demonstrado irredutibilidade no desmantelamento e destruição de serviços de referência, e delapidação de recursos organizativos em saúde”.
Trata-se de serviços “bem estruturados, de resultados de sucesso e de renome nacional e internacional”, cujo desmantelamento prejudica “Coimbra e a sua imagem de topo na área da saúde e serviços”, sustenta a moção.
Simultaneamente, é colocado “em causa o processo de fusão hospitalar” (no âmbito do qual foi, em 2010, criado o CHUC), acrescenta a moção, que exige à nova administração do CHUC (já nomeada) um Plano Estratégico Funcional, que “respeite e considere” o Hospital dos Covões como “estrutura de referência, que sempre foi, e de primordial importância”.
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O CHUC agrega os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), o Hospital Geral Central (vulgarmente conhecido por Hospital dos Covões), o Hospital Pediátrico, as duas maternidades da cidade (Bissaya Barreto e Daniel de Matos) e o Hospital Psiquiátrico Sobral Cid.
O documento foi aprovado com 29 votos a favor, das bancadas do Partido Socialista, da CDU e do movimento Cidadãos por Coimbra (CpC), 16 votos contra, da coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT e do movimento Somos Coimbra (SC), e duas abstenções.
Na moção, a Assembleia também demonstra o seu “desagrado” à Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, acusando-a de se “demitir das suas responsabilidades regionais em saúde e ausência de defesa da saúde dos cidadãos, sem perceção do argumentário técnico e político, nomeadamente expresso pelos órgãos autárquicos”.
No documento, a AM “requer à ministra da Saúde para, definitivamente, resolver o problema criado pelas sucessivas” administrações do CHUC, em relação à conceção do Hospital dos Covões, “posto em causa, revogando a instabilidade paulatinamente criada”.
Aquele órgão autárquico apela ainda à ministra Marta Temido para ela ser “o garante da qualidade dos serviços de saúde em Coimbra”, preservando o Hospital dos Covões (“reabilitando capacidade e competência que desde sempre lhe são reconhecidas”), a par dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
Estes hospitais, preconiza a moção, devem ter “autonomia e independência”, devem ser “estruturas paritárias na rede de saúde da região, inseridas num plano geral e funcional, que concilie os aspetos técnicos de saúde com os aspetos políticos de defesa dos interesses dos cidadãos”.
A moção reitera, entretanto, “a posição já expressa unanimemente pela cidade, quanto à criação mais do que urgente da nova maternidade em Coimbra, e que a Assembleia Municipal de Coimbra entendeu [noutra ocasião] maioritariamente ser mais adequada no espaço físico do Hospital Geral Central dos Covões, o que reforça a importância do investimento na sua valorização”.
A Assembleia recomenda à Câmara de Coimbra que, “em continuidade com a posição de defesa” do Hospital dos Covões, “acione os procedimentos tidos por convenientes na esfera da sua competência, incluindo a melhoria dos acessos rodoviários” a este estabelecimento, “respeitando o determinado pelo PDM [Plano Diretor Municipal], e demonstrando a vontade da cidade de incluir esta estrutura na sua rede principal de saúde”.
Na sessão de hoje, a AM rejeitou, por outro lado, uma moção do PSD acusando os socialistas de destruírem o SNS em Coimbra, em resultado designadamente da “insuficiência recorrente de meios financeiros próprios” para o CHUC e da “desqualificação” do Hospital dos Covões.
O documento foi rejeitado, tendo contado com os votos favoráveis, para além do PSD, dos autarcas do CDS-PP, do PPM e do MPT (eleitos no âmbito da coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT) e dos membros do SC e os votos contra das bancadas do PS, da CDU e do CpC, tendo registado uma abstenção.
A bancada socialista considera que a aprovação pela AM da sua moção “em defesa [do Hospital] dos Covões” é também “contra o derrotismo” do PSD e do SC.
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