Coimbra

Teatrão é uma criança com 20 anos

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 17-03-2014

 A companhia de teatro O Teatrão celebra 20 anos de existência na sexta-feira e, apesar de muito ter mudado, o grupo continua a “não saber” nem querer “trabalhar sozinho”, apostando de forma continuada “no encaixe com a comunidade”, afirmou a atual diretora.

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Em 1994, ano da sua criação, a única profissional do grupo era a secretária, ensaiava-se “onde se podia”, dava-se espetáculos “onde se podia”, a sede chegou a ser a casa de Manuel Guerra, um dos fundadores, e o Teatrão assumia-se como companhia de teatro para a infância, contou.

Hoje, há 12 profissionais na estrutura da companhia, tem um espaço próprio, a Oficina Municipal do Teatro (OMT), produz mais espetáculos, alargou os públicos, mas continua com um foco na componente da educação artística.

Desde então, “foi um bom salto”, disse hoje Manuel Guerra, na apresentação do programa das comemorações dos 20 anos do grupo, recordando que tudo começou com uma visita do então secretário de Estado da Cultura, Santana Lopes, em 1993, a Coimbra.

“Deu uma conferência de imprensa e eu assisti. Às tantas, pedi a palavra e perguntei porque é que não subsidiava uma companhia de teatro para a infância em Coimbra. Respondeu que nunca ninguém lhe tinha proposto isso”, contou o fundador do Teatrão.

Assim nasceu o grupo que, durante anos, “funcionou de forma muito precária”, relembrou Deolindo Pessoa, que também esteve na fundação do grupo.

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Em 2001, com a inauguração da OMT, conseguiram pôr em prática “o projeto pedagógico”, que esteve na “génese da criação da companhia”, começando com três turmas, explicou.

Apesar de as aulas serem dadas na Oficina, o grupo só se mudou definitivamente para o espaço em 2008.

Olhando para trás, Deolindo Pessoa comenta que “o Teatrão cresceu bastante”, recordando também o “desgaste” de “sucessivos cortes” na cultura: “houve uma postura constante de sobrevivência”.

De acordo com Deolindo Pessoa, o Teatrão não mudou em parte a sua matriz, quer em relação à atenção dada ao projeto pedagógico (hoje há 15 turmas), quer na procura constante de “parcerias com os vizinhos”, de “potenciar a troca”.

Ao longo dos anos, “houve uma capacidade de se inovar”, com uma atenção “na retaguarda e na ligação com a comunidade”, disse.

“Continua-se a apostar numa companhia que tem de estar sempre ao pé das pessoas”, contou à Lusa Isabel Craveiro, atual diretora, frisando que o Teatrão “trabalha com utopias” e que, no atual contexto, essa característica será ainda “mais importante”.

Numa altura em que “há um problema estrutural de apoios”, é necessário “resistir” e “sonhar”, salientou.

“Queremos acreditar que o Teatrão vai continuar, mas o trabalho é angustiante e precário. É preciso ginástica para não se desistir”, referiu.

Enquanto há apoios, segundo Isabel Craveiro, a companhia procura “encaixar-se e cruzar-se com a comunidade”, considerando que o “país também precisava” dessa característica de “se trabalhar em conjunto”.

“É uma companhia que está para ficar. A não ser que as outras também desapareçam, que a comprar-se submarinos a esta velocidade, não sei onde vai haver dinheiro para a Cultura”, alertou Manuel Guerra.

 

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