O Bloco de Esquerda questionou o Governo sobre a recuperação económica e ecológica das áreas ardidas no norte do distrito de Leiria, em 2017, considerando que as medidas então aplicadas foram insuficientes.
“Passados três anos, é fácil constatar que as medidas tomadas foram claramente insuficientes e hoje todo este território e as suas populações encontram-se em dificuldades inéditas”, afirma o grupo parlamentar do BE, numa interpelação escrita ao ministro Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, hoje divulgada.
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Na sequência de “recentes visitas às áreas ardidas e através do contacto direto com a população e com responsáveis autárquicos”, o partido verificou “os poucos avanços realizados e o muito trabalho que está por fazer, no sentido de recuperar a floresta, mas também as atividades económicas locais”.
“Concorda o Governo que as regiões e respetivas populações que foram afetadas pelos mega-incêndios de 2017 estão hoje mais fragilizadas para enfrentar a crise pandémica e económica do que estariam antes dos incêndios?”, pergunta.
Apresentado na Assembleia da República na quarta-feira, dia em que foi assinalado terceiro aniversário dos grandes incêndios de 17 de junho de 2017, o documento é subscrito pelos deputados Ricardo Vicente, José Manuel Pureza e Maria Manuel Rola.
“Está o Governo disponível para tomar medidas suplementares direcionadas aos territórios mais afetados pelos incêndios na resposta à crise económica? Que medidas concretas prevê o Governo?”, questionam.
Segundo o BE, as populações de Pedrógão Grande, concelho onde começou a tragédia, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, bem como de outros municípios vizinhos, perderam “muitos dos seus bens e atividades económicas com os incêndios”, mas, três anos depois, “acumulam-se as dificuldades resultantes da crise pandémica e económica, que necessitam de uma resposta musculada”.
“A maioria das áreas florestais ardidas não teve qualquer tipo de intervenção e a espécie dominante, o eucalipto, já atingiu em muitos locais três e quatro metros de altura, depois de rebentarem desordenadamente”, alerta.
Os parlamentares bloquistas pretendem saber em que medida está “o Governo disponível para promover a gestão coletiva da floresta entre pequenos proprietários e apoiar a reflorestação das áreas ardidas com espécies autóctones e resilientes ao fogo”.
“De que forma pretende o Governo capacitar os pequenos proprietários florestais para o efeito?”, acentuam.
No concelho da Castanheira de Pera, por exemplo, “houve uma intervenção substancial na requalificação de uma importante linha de água, a ribeira de Pera, num interessante trabalho de aplicação de engenharia natural” nas áreas devastadas pelo fogo.
“Mas esta intervenção ficou pela metade”, criticam, explicando que o projeto foi financiado pelo Fundo Florestal Permanente, “mas não foi prevista verba para manutenção”.
Depois de uma enxurrada recente “que exigia medidas de gestão e preservação, não há meios locais disponíveis para intervenção atempada”, segundo o BE, que indaga o ministro do Ambiente sobre as medidas previstas “para garantir a recuperação das obras de engenharia natural” danificadas na ribeira de Pera.
“Qual a previsão do Governo para garantir a intervenção na parte norte da ribeira, nas áreas que não arderam?”, pergunta.
O Bloco questiona ainda se o executivo do PS está “disponível para tomar medidas de forma a agilizar a remoção” de um estaleiro de madeira queimada “que serve de cartão-de-visita” à entrada da vila de Castanheira de Pera.
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