Cidade
Deputados do PSD questionam Governo sobre futuro do Hospital dos Covões
O PSD questionou o Governo no parlamento sobre o futuro do Hospital dos Covões, em Coimbra, uma causa que envolveu hoje cerca de 2.000 pessoas num “cordão solidário” contra o seu desmantelamento, unindo partidos políticos, profissionais e utentes.
“Concorda o Governo com uma só urgência com dois polos, sendo um polivalente e outro básico?”, pergunta o grupo parlamentar do PSD, numa interpelação escrita dirigida à ministra da Saúde, Marta Temido.
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Subscrito por António Maló de Abreu, Mónica Quintela e Paulo Leitão, deputados eleitos por Coimbra, além de Cláudia Bento e Fernanda Velez, o documento foi entregue na Assembleia da República na segunda-feira.
Com esta iniciativa, aquele partido reage a uma alegada decisão de passar a urgência do Hospital Geral, nos Covões, a serviço de urgência básico (SUB), a partir de 01 de julho.
Os deputados do PSD lamentam que tal aconteça após a instituição fundada por Bissaya Barreto, “com enorme dedicação e exemplar profissionalismo, ter estado três meses na linha da frente na luta contra a pandemia” da covid-19, como hospital de referência.
“Como reage o Governo a estas notórias contradições nas tomadas de medidas e com as medidas em si a propósito do Hospital dos Covões? Concorda o Governo com uma só urgência [em Coimbra] com dois polos, sendo um polivalente e outro básico?”, perguntam.
Se for o caso, o PSD quer então saber se o executivo de António Costa “concorda igualmente que os custos para os doentes sejam diferenciados ou idênticos” nos dois polos, nos Covões e nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), que fazem parte do CHUC desde o início da década.
“Tem o Governo uma política definida e coerente para estes hospitais, para Coimbra e para a região Centro, partindo da garantia de salvaguarda dos cuidados de saúde para todos os cidadãos? E, tendo, mantém a confiança nos responsáveis pela implementação local e no terreno, a todos os níveis, dessa política?”, reforçam os parlamentares, entre outras questões formuladas.
Para os organizadores do “cordão solidário”, a opção pelo SUB “apenas confirma o que há anos os profissionais e os sindicatos vêm afirmando, quanto ao desmantelamento, à desqualificação e diminuição da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), na consideração do que é a sobrelotada capacidade de resposta da urgência dos HUC”.
“Esta decisão (…), com a aparente anuência da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, só pode ter como consequência a drástica diminuição da capacidade assistencial no SNS, com o desmantelamento de uma estrutura a todos os títulos válida, sem que se tenha demonstrado que é dispensável, de que resulta a ainda maior concentração de doentes nos HUC, uma estrutura no limite da sua capacidade e sem previsível reforço de recursos humanos”, adiantam em comunicado.
Subscrevem a nota as seguintes entidades: Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Sindicato dos Médicos da Zona Centro, Sindicato dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Atividades Diversas, Sindicato da Hotelaria do Centro e União dos Sindicatos de Coimbra (USC).
Também o Partido Democrático Republicano (PDR), fundado pelo advogado e ex-jornalista de Coimbra António Marinho Pinto, se pronunciou hoje “contra o iminente encerramento ou esvaziamento do serviço de urgência” dos Covões.
Em comunicado, o PDR declarou “apoio total à ação de protesto” realizada na manhã de hoje, tendo apelado à participação das pessoas na concentração “no sentido de conferir maior força à iniciativa”.
Na segunda-feira, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) remeteu para a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) qualquer decisão sobre a definição do perfil do serviço de urgência no Hospital dos Covões.
“Relativamente à Urgência, a definição do seu perfil de funcionamento é competência da ARS do Centro, em obediência a Despacho do Ministro da Saúde de 23/11/2015, pelo qual ‘a existência de um polo da Urgência do CHUC no Hospital dos Covões fica dependente, quanto ao horário e tipologia, de orientação da ARS do Centro’. A decisão sobre a tipologia da Urgência a localizar no polo HG [Hospital dos Covões] do CHUC é de natureza técnica, como foi afirmado pela atual Ministra da Saúde”, lia-se então numa nota de imprensa.
A agência Lusa tentou obter, sem sucesso, a posição da ARS do Centro, liderada por Rosa Reis Marques, que foi vice-presidente da Câmara de Coimbra.
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