Economia

Feirantes consideram “lamentável” decisão de manter encerrados mercados municipais

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 30-04-2020

  A Federação Nacional das Associações de Feirantes (FNAF) considerou hoje “lamentável e vergonhoso” o anúncio do Governo de manter encerrados todos os mercados e feiras municipais devido à pandemia, classificando a decisão como discriminatória face à reabertura do comércio.

Na apresentação do plano de desconfinamento, no final do Conselho de Ministros, em Lisboa, o primeiro-ministro, António Costa, adiantou que “relativamente aos mercados e feiras municipais não houve nenhuma alteração”, pelo que se mantêm as restrições que estavam em vigor.

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“Nem temos previsto que seja até ao dia 01 de junho”, afirmou António Costa, referindo-se à reabertura de feiras e mercados municipais, apesar de ressalvar que as medidas são reavaliadas de 15 em 15 dias.

Entre as mudanças apresentadas, que marcam o fim do estado de emergência, que cessa no sábado, e o início do estado de calamidade, está a possibilidade de o comércio local – cabeleireiros, manicures e similares, livrarias e comércio automóvel – retomar a atividade na segunda-feira e os restaurantes e cafés em 18 de maio.

Em declarações à Lusa, o presidente da FNAF disse que “é lamentável a discriminação e a tendência para os grandes grupos” económicos, indicando que os feirantes esperavam, “com alguma ansiedade”, a reabertura de forma gradual das feiras e mercados municipais.

“Estamos completamente esquecidos, só somos reconhecidos para pagar os impostos e as taxas às autarquias, no restante continuamos esquecidos”, declarou Joaquim Santos, referindo que o universo de feirantes em Portugal é de 25 mil pessoas e que muitas vezes se tratam de negócios familiares.

Segundo o representante dos feirantes, existem comerciantes sem qualquer fonte de remuneração há quase dois meses e os apoios que existem, através da Segurança Social, “são migalhas”, com pessoas a receber entre 60 a 70 euros em março, embora não seja o mês total.

“É lamentável e vergonhoso, porque estamos a excluir pessoas, estamos a deixar para trás portugueses”, acusou Joaquim Santos, acrescentando que os apoios do Governo aos feirantes são “uma mão cheia de nada”.

Na semana passada, a FNAF enviou ao Governo informação sobre a disponibilidade dos feirantes retomarem a atividade com regras de proteção, nomeadamente o uso de viseiras, máscaras, luvas e gel desinfetante e o distanciamento entre tendas, pelo que tinham a convicção de que, pelo menos, as feiras mais pequenas poderiam reabrir.

“Estamos, neste momento, privados de fazer aquilo que mais gostamos, mas não vamos morrer com a força que temos. Podemos ficar alguns pelo caminho, mas vamos lutar para manter os mercados e feiras com a dignidade e a qualidade que até hoje fomos capazes de mostrar aos portugueses”, reforçou Joaquim Santos.

O Conselho de Ministros aprovou hoje o plano de transição de Portugal do estado de emergência, que cessa no sábado, para a situação de calamidade, anunciou o primeiro-ministro, António Costa.

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