Economia
Portugal defende plano de recuperação da UE com subvenções aos Estados
O plano de recuperação da economia europeia deve ser parte do orçamento europeu, financiado por um empréstimo a contrair pela União Europeia (UE) e distribuído pelos Estados-membros sob a forma de subvenções, defendeu hoje o Governo português.
“Portugal espera que o Conselho Europeu dê à Comissão Europeia um mandato político forte para que possa apresentar brevemente uma proposta de financiamento para o plano de recuperação económica e social de que a Europa vai necessitar”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, à imprensa após uma reunião com os parceiros sociais com vista à cimeira europeia de quinta-feira.
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O ministro frisou que esse plano deve ter uma “ambição correspondente à dimensão crise” provocada pela pandemia relacionada com o novo coronavírus, para o que são “muito importantes” as questões ligadas ao seu financiamento.
Admitiu, neste aspeto, que o montante do plano deverá ser “da ordem do bilião de euros”, em linha com o que foi já estimado pelo ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, que evocou centenas de milhões de euros.
Portugal apoia desde logo a orientação que está a ser seguida pela Comissão, de ligar esse fundo ao quadro financeiro plurianual (QFP, o orçamento da UE para 2021-2027), “uma solução muito inteligente” que “permite ao mesmo tempo resolver em tempo a aprovação” do novo QFP e “encontrar uma fundamentação jurídica sólida para o novo fundo de recuperação económica e social”.
O Governo defende também uma solução em que “seja a própria União Europeia a contrair o empréstimo indispensável para alavancar esse fundo”, para que todos possam beneficiar das “condições excelentes” da UE para se financiar.
Finalmente, quanto à distribuição do financiamento, o ministro frisou que “Portugal inclina-se naturalmente para todas as soluções que permitam não sobrecarregar os Estados-membros com dívidas excessivas”.
Segundo Santos Silva, é essencial que não resultem do plano de recuperação “assimetrias entre os Estados-membros”, como “resultaria necessariamente se a forma exclusiva ou predominante de repartição do financiamento obtido fosse a de puros empréstimos”.
Questionado sobre a proposta de Espanha, de um fundo de 1,5 biliões de euros financiado pela emissão de divida perpétua, e a resolução aprovada pelo Parlamento Europeu, propondo nomeadamente títulos de divida emitidos pela Comissão Europeia garantidos pelo orçamento europeu, o ministro considerou que estas, como outras posições avançadas nos últimos dias, “contribuem todas para o consenso que é preciso estabelecer no Conselho”.
Evocou, além daquelas, a carta de nove primeiros-ministros, incluindo António Costa, antes da cimeira europeia de 26 de março, declarações de segunda-feira da chanceler alemã, Angela Merkel, manifestando disponibilidade para aumentar a participação da Alemanha no esforço comum, ou a proposta avançada pela França de um fundo de reconstrução.
“Todos estes contributos são muito importantes para que se chegue a um consenso e o consenso mais avançado possível”, de que “resulte um plano de recuperação muito ambicioso”, insistiu.
Do Conselho Europeu de quinta-feira, o Governo português espera ainda “a validação das medidas aprovadas pelo Eurogrupo”, apontando o novo programa SURE, a duplicação dos valores que o Bando Europeu de Investimento (BEI) para apoio às PMEs e o recurso ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).
Essas medidas, assegurou, são “um avanço muito positivo e sem precedentes na história da integração europeia”.
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