Coimbra
Líder da CGTP defende que protestos dos portugueses devem refletir-se nas eleições
O secretário-geral da CGTP defendeu na quarta-feira à noite que os protestos dos portugueses devem refletir-se nas próximas eleições europeias, marcadas para 25 de maio, para responsabilizar os governantes nacionais e os europeus pela situação de empobrecimento do país.
Em São Bento, junto à residência oficial do primeiro-ministro, Arménio Carlos falou aos milhares de manifestantes que desfilaram pelas ruas de Lisboa, assumindo o compromisso de “elevar a luta nos locais de trabalho e fazer da semana de 08 a 15 de março uma grande jornada de protesto e proposta, de resistência e conquista”.
“Uma luta que tem de ser transformada em voto no dia 25 de maio, nas eleições para o parlamento europeu responsabilizando os que, lá como cá, estão comprometidos com a política que inferniza a nossa vida e hipoteca o desenvolvimento do país”, disse.
O sindicalista prometeu que a luta vai continuar até à demissão do Governo e à convocação de eleições legislativas antecipadas.
“Não há frio, chuva ou noite que nos impeçam de manifestar a nossa indignação”, afirmou, aludindo ao facto de manifestação se ter realizado já de noite e sob ameaça de chuva, e referiu um rol de ações de protesto que estão já anunciadas para a semana de 08 a 15 de março.
Segundo Arménio Carlos, greves e concentrações nos setores da saúde e educação, vigilância, minas, empresas de transportes rodoviários e ferroviários (como a CP e a Carris), na administração pública “vão encher o país de luta e de convicção para construir uma política alternativa pelo futuro de Portugal”.
O líder da Intersindical aproveitou a oportunidade para fazer um balanço crítico dos três anos de programa de assistência financeira, considerando que “Portugal vai de mal a pior”.
“Portugal é hoje uma sociedade mais dividida entre ricos e pobres”, disse, responsabilizando o Governo PSD/CDS e a troika pelo empobrecimento dos portugueses.
Para o sindicalista foi a política de austeridade sucessivamente agravada que colocou Portugal como o 9.º país mais pobre da União Europeia.
“Aqui está o exemplo do sucesso da politica do Governo e da Troika”, disse.
Aos jornalistas, no final do protesto, Arménio Carlos afirmou que não se pode falar em sucesso das políticas de austeridade quando a miséria, o desespero e o medo estão a aumentar.
“Mas [a revolução de] Abril não se realizou para o retrocesso social e civilizacional”, disse, acrescentando que os portugueses vão continuar a ser sujeitos a cortes seja qual for a saída do programa de assistência financeira.
Considerou que as marchas que estão agora a decorrer no país são um bom exemplo da indignação dos portugueses mas que são também ações de proposta de novas politicas para o país, nomeadamente mais proteção social para os desempregados e aumentos salariais, sobretudo do Salário Mínimo Nacional (SMN), de imediato para os 515 euros.
Segundo Arménio Carlos, não faz sentido adiar o aumento do SMN e refutou as intenções das confederações patronais nesse sentido
A CGTP-IN promoveu hoje em Lisboa, Porto e Leiria marchas contra “a política de austeridade imposta pela ‘troika’ e pelo Governo”.
Em Lisboa, a manifestação que terminou junto à residência oficial do primeiro-ministro foi antecedida de três pré concentrações: uma junto ao Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, outra junto ao Ministério da Educação e outra junto ao Ministério da Saúde.
O início das concentrações ficou marcado por intervenções de dirigentes sindicais de cada um dos setores e membros da Comissão Executiva da CGTP-IN.
Os desfiles juntaram-se na zona de Picoas e no Marquês de Pombal, onde entraram os reformados que participaram no protesto.
A data do protesto foi marcada de forma a coincidir com a presença da ‘troika’ em Portugal para mais uma avaliação do programa de assistência financeira.
Para sexta-feira está marcada uma marcha idêntica para Coimbra.
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