Economia

Caves da Bairrada apostam em vendas online e entregas ao domicílio

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 09-04-2020

A Rota da Bairrada aposta esta Páscoa na venda ‘online’ de vinhos, à imagem dos produtores da região, que fecharam o atendimento público, mas continuam a trabalhar, investindo nas vendas por internet e entregas ao domicílio.

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As duas lojas da Associação Rota da Bairrada foram encerradas temporariamente e os funcionários colocados em teletrabalho devido à situação de emergência provocada pela propagação da covid-19, mas “a vida não parou”, como refere o seu presidente, Jorge Sampaio.

A Rota, que agrupa 52 instituições da região bairradina, com destaque para os produtores de vinhos e autarquias, aumentou as suas vendas ‘online’, criando ao mesmo tempo um serviço de “takeaway” de vinhos e produtos autóctones, como doces regionais.

“As coisas estão a correr bem, dentro do possível. Reforçámos muito as vendas ‘online’”, explica Sampaio, que é também vice-presidente da Câmara de Anadia. A Rota sempre registou vendas para todo o país e até para o estrangeiro, mas desde o início da crise as vendas têm crescido, sobretudo, dentro da própria Bairrada e restante região Centro”.

Miguel Ferreira, diretor da revista A Lei do Vinho, que segue com particular cuidado a Bairrada, explica que “a maior parte dos produtores aliaram-se à distribuição que faz vendas ‘online’”, mas vaticina que haverá “perdas terríveis” na restauração e produtos associados.

A maior parte dos grandes produtores da Bairrada, região com 6.500 hectares de vinhas, que lidera destacada a venda de espumantes em Portugal, optou por encerrar ao público, mantendo entre portas o engarrafamento de vinhos, a produção da próxima colheita e criando ou reforçando soluções de comércio eletrónico.

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São poucos os casos de ‘lay-off’ conhecidos entre as grandes caves (exceção feita à empresa Mata Fidalga), que optaram por manter a maior parte dos trabalhadores ou que negociaram a antecipação de férias com grupos de funcionários.

“Muitos produtores optaram por deslocalizar os trabalhadores para o campo, para tarefas relacionadas com a produção das novas colheitas”, refere Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada, que tem registados 2.400 produtores de vinhos, que exploram 6.500 hectares de vinhas.

Um bom exemplo desta atitude é a situação nas caves São Domingos, um “gigante” bairradino da produção de vinhos, que mantém os 40 trabalhadores ocupados na preparação da nova safra e no engarrafamento de espumante.

“Estamos a proceder ao enchimento de espumante, o que nos vai ocupar por três meses. São 1,2 milhões de garrafas para entrarem no mercado entre 2022 e 2025”, explica Alexandrino Amorim, diretor das caves.

Depois de aplicar um Plano de Contingência, já lá vão quatro semanas, as Caves São Domingos viraram-se para as vendas ‘online’, diretamente ou através das grandes superfícies.

“Estamos a abastecer as grandes superfícies, distribuidores alimentares e vendas diretas ao cliente, com entregas no seu domicílio”, explica Amorim, que admite negociar a antecipação de férias com os trabalhadores se a situação se prolongar muito no tempo.

Pedro Soares não esconde a preocupação com o futuro do setor, dizendo que se não houver uma luz ao fundo do túnel até ao final do primeiro semestre de 2020 os produtores enfrentarão uma dura crise.

Soares está sobretudo apreensivo com a maneira como a restauração e comercialização de vinhos vai reagir quando a situação voltar a uma relativa normalidade. Alerta também para o desaparecimento de plataformas internacionais de escoamento e promoção de produtos.

Para as próximas horas, a Comissão promete a divulgação de um comunicado com reflexão sobre estes e outros assuntos, com especial destaque para as soluções de comércio ‘online’.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 260 mil são considerados curados.

Em Portugal, segundo o último balanço da Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).

Dos infetados, 1.211 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 196 doentes que já recuperaram.

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