Coimbra

Associação aposta no turismo gastronómico e na promoção das receitas tradicionais

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 22-02-2014

Uma plataforma online que disponibiliza receitas tradicionais aos chefes portugueses emigrados e a organização do encontro mundial de turismo gastronómico são iniciativas da Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia, que lembra haver quem pague para apanhar azeitona.

A Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia (APTCE) foi criada em 2012, por iniciativa de pessoas ligadas, nomeadamente, à produção típica local e à restauração, porque nunca houve uma entidade, “pelo menos do ponto de vista associativo, que tivesse trabalhado o tema”.

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José Borralho, presidente da APTCE, disse à agência Lusa que a criação da associação coincidiu com o emergir de um perfil de turista culinário, que tem em conta o maior peso das novas tecnologias, a moda em volta da cozinha, o saudosismo e a defesa da autenticidade dos produtos.

“Há um turista que escolhe o destino em função da gastronomia: Sobretudo é um público com poder de compra e, na maior parte dos casos, já está reformado, tem tempo e quer usufruir muito”, explicou.

Estes turistas não se contentam em provar pratos tradicionais, querem somar experiências como workshops ou visitas a unidades fabris ou agrícolas.

“Antigamente, pagava-se às pessoas para fazerem a apanha da azeitona. Hoje, recebe-se o dinheiro, porque há uma série de gente que quer viver essa experiência”, assinalou.

O primeiro projeto a surgir na APTCE, que dura até ao final de 2014, foi o “Portugal exclusivo, comida com histórias”, financiado por fundos comunitários e que inclui a identificação das receitas mais tradicionais e as histórias que as acompanham.

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Como exemplos, José Borralho recordou a lenda da sopa da pedra, a invenção das alheiras para os judeus escaparem à inquisição ou a origem da chanfana, que remonta às invasões napoleónicas, quando a população cozeu a carne em vinho depois de envenenar a água.

Dentro do projeto cabem as iniciativas “prove”, com os restaurantes a serem convidados a incluir “o que é mais tradicional” nas suas cartas, e ações de promoção externa, como uma carrinha transformada em cozinha.

O “Portugal à mesa”, segundo projeto, dura até junho de 2015, em parceria com empresários e produtores. Sob o lema a “qualidade é um ingrediente secreto português”, o projeto organiza jantares em feiras internacionais utilizando produtos ali expostos.

Em outubro deste ano, na Figueira da Foz, a APTCE organiza o 1.º congresso nacional de turismo de culinária, enquanto o congresso mundial vai decorrer em 2015, no Estoril, com a presença daquela que é considerada a melhor blogger em ‘food travel’ (turismo culinário) no mundo: Judy Ettenberg.

Quanto ao evento internacional, José Borralho avançou que o tema central deve passar pelo “entretenimento à volta da gastronomia, mas que dá para trabalhar de forma séria de muitíssimas maneiras” e que os congressistas irão experienciar 24 horas numa comunidade fora de Lisboa.

Isolar 12 receitas para constituir um “eixo de trabalho lá fora” e garantir que a gastronomia portuguesa deixará uma memória como as tapas em Espanha ou as pizas em Itália, é outro dos trabalhos da associação, que avançará com um receituário online.

Segundo o presidente da APTCE, qualquer chef português a trabalhar fora do país terá à disposição uma plataforma online, na qual estarão entre 30 a 40 receitas tradicionais, com a inscrição dos produtos obrigatórios a utilizar.

Nessa plataforma haverá informação sobre quem distribui ou vende os produtos e as histórias à volta das receitas.

O interesse pela gastronomia aumentou, acompanhando a mudança dos hábitos dos turistas: “dantes fazia-se praia das 09:00 às 18:00. Agora fazemos até ao meio-dia, há muito tempo pelo meio para vivenciar experiências”, disse José Borralho.

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