Coimbra
Polémica entre bar que promoveu festa Corona Party e administrador de hospital
O bar de Santa Maria da Feira que promoveu uma festa sobre a Covid-19, e ao qual o administrador do hospital local escreveu uma carta manifestando-se contra essa “ofensa”, respondeu hoje que esse responsável devia focar-se noutras prioridades.
Em causa está a polémica em torno de um evento que na noite de 07 de março reuniu centenas de pessoas com máscaras de proteção individual, brochuras sobre higienização e fotos de uma ambulância em real serviço de urgência. Em seguida, o administrador do Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV) – que gere os hospitais da Feira, Oliveira de Azeméis e São João da Madeira, num universo de 350.000 utentes – enviou ao bar uma carta manifestando-se disponível para, “apesar da ofensa”, continuar a tratar os envolvidos na iniciativa se necessário.
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Agora, a gerência do bar tornou pública a resposta ao referido administrador, Miguel Paiva: “Terá este senhor a agenda tão livre que tenha tempo para enviar uma carta a um bar? Terá este senhor enviado 40.000 cartas ao espectadores do jogo FC Porto x Rio Ave? Terá este senhor carência de atenção e quis o seu momento de fama (…)? É de lamentar que o timoneiro de uma entidade tão importante como é o CHEDV tenha as suas prioridades mal definidas”.
Referindo-se ao primeiro caso de contágio confirmado no concelho a semana passada, a gerência do mesmo bar diz que a carta do CHEDV lhe causa “muita preocupação” porque, “numa altura em que os profissionais de saúde têm informação privilegiada (…) deste surto, o ‘staff’ orientado pelo Dr. Miguel Paiva deixa ‘escapar’ um possível caso de Coronavírus que se vem a verificar ser positivo à terceira vez que a menina que frequenta a Escola Secundária de Santa Maria da Feira recorreu ao hospital”.
Quanto à disponibilidade do CHEDV para, “apesar da ofensa” referida na carta de Miguel Paiva, tratar os funcionários, clientes e restante comunidade com ligação ao bar onde decorreu a festa sobre a Covid-19, a gerência do estabelecimento diz não esperar outra coisa.
“A gerância não vê qualquer necessidade de ser avisada que, caso (…) fique doente, poderia recorrer a esta unidade, até porque estamos cientes de que em Portugal (…) existem direitos e deveres que são gerais à população”, justifica.
O bar acrescenta, aliás, que a versão do Juramento de Hipócrates em prática no país estipula que considerações sobre idade, doença, deficiência, religião, sexo, filiação política “ou qualquer outro fator” não podem obstar a que um médico exerça o seu dever de ajuda ao doente.
A gerência do estabelecimento diz ainda que, sem empreendedorismo privado, a sustentabilidade dos serviços públicos da área política, administrativa, forças de autoridade e de saúde “cai por terra”, e, nesse sentido, realça que “ajuda a pagar” o ordenado de Miguel Paiva.
Contactado pela Lusa, o administrador do CHEDV não quis comentar o assunto.
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