Universidade
Investigadores criam sistema que permite produção em grande escala de microalgas
Uma equipa de investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto desenvolveu, como resposta às “limitações” da indústria, uma tecnologia que permite a “produção em grande escala” de microalgas, revelou hoje a responsável.
Foi com o intuito de tornar a produção da biomassa de microalgas “mais eficiente” que uma equipa de investigadores se juntou, há cinco anos, para desenvolver a tecnologia “Rotating Flat Plate Photobioreactor”.
“Sabíamos dos desafios da indústria e foi nesse sentido que surgiu a ideia de desenvolvermos este novo sistema”, disse, em declarações à Lusa, Teresa Borges, investigadora do CIIMAR e docente na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).
Com base nas “limitações” inerentes à produção em grande escala destes seres microscópicos por parte da indústria, como a necessidade de grandes áreas de produção, os investigadores optaram por “induzir as microalgas a um processo biotecnológico”.
“Para resolver essa problemática de uma forma que fosse mais sustentável, surgiu a ideia de cultivarmos as microalgas como um biofilme, uma espécie de película constituída por estes organismos”, explicou a investigadora, adiantando que esta tecnologia vem assim substituir o método de produção destes micro-organismos, atualmente cultivados em suspensão no meio nutritivo.
A tecnologia, constituída por várias placas de PVC rotativas, permite de igual forma que as microalgas estejam em contacto com o meio nutritivo, com a luz e com o dióxido de carbono.
“A cultura na forma de biofilme é nova, a indústria ainda não usa este tipo de sistemas e a facilidade com que conseguimos produzir bastante biomassa numa área mais pequena, com menos custos de produção e de recolha desta biomassa, é uma novidade importante para a indústria”, referiu Teresa Borges.
De acordo com a investigadora, este novo sistema acarreta “várias mais-valias” para a indústria, nomeadamente, a produção num espaço mais pequeno, a otimização da luz, a poupança de meio nutritivo e a redução dos custos associados à colheita e desidratação das microalgas.
“Normalmente, para retirar as microalgas a indústria recorre a centrífugas industriais. Estes equipamentos trabalham bem, mas gastam imensa energia. A centrifugação é eficiente do ponto de vista de recolha, mas produz ‘stress’ que provoca perda de estrutura de microalgas (muitas rebentam) e também induz à alteração das suas propriedades, como a cor ou o teor em pigmentos”, referiu.
À Lusa, Teresa Borges adiantou que os custos de colheita e desidratação destes organismos representam “normalmente 15 a 30% dos custos de produção” das empresas, despesas que podem ser diminuídas através desta tecnologia.
“Uma diminuição, nem que seja de uma percentagem relativamente baixa, vai representar uma diferença muito grande no balanço dessas empresas. Se for uma empresa de grande dimensão pode não ser o fator vital, mas é importante. Se for uma empresa de pequena dimensão isto pode ser muito significativo para a sua competitividade”, concluiu.
Depois de desenvolvido e validado o sistema, os investigadores tencionam agora otimizar a “velocidade de rotação” das placas de PVC e a utilização de dióxido de carbono por forma a “tornar o processo mais competitivo”.
O “Rotating Flat Plate Photobioreactor” é resultado da colaboração entre o CIIMAR, a FCUP, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).
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