Coimbra
Maior credor do Banco Privado Português alega que comissão liquidatária perpetua empregos à sua custa
Liminorke, o maior credor privado do antigo Banco Privado Português (BPP) acusa a comissão liquidatária de ter “uma estratégia de litigância incompreensível e ineficaz” de cobrar dívidas, insinuando que se perpetuam empregos à custa dos credores.
Numa carta enviada ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, a que a Lusa teve acesso, a Liminorke afirma que “a comissão liquidatária [do BPP] tem uma estratégia de litigância incompreensível e ineficaz para tentar cobrar algumas das dívidas”, e que “quase parece ter algum tipo de interesse em perpetuar situações”.
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“A ser assim, os membros dessa comissão e mais alguns funcionários da massa insolvente veriam assegurados empregos bem pagos, com boas regalias, para uma vida inteira”, pode ler-se na carta assinada por Jaime Antunes.
A carta solicita ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, a sua intervenção, “para que este processo termine com a brevidade que a gravidade da situação criada sugere”.
“A comissão liquidatária existe para tornar líquidos os ativos da massa insolvente e devolver aos credores o produto da liquidação. Não existe para perpetuar empregos nem para gerir participações sociais, como parece estar a acontecer”, defende a Liminorke.
A Liminorke aponta especialmente “à aceitação como dação em pagamento de 3.686.440 ações da sociedade Kendall Develops, que pertencem ao acionista Armando da Silva Antunes”, que de acordo com o credor não têm “qualquer liquidez no mercado” e são “representativas do capital de uma empresa na altura em grande transformação e, consequentemente, difícil de avaliar para o futuro”.
Referindo que “a Kendall Develops, na altura do contrato de dação em pagamento, propôs à comissão liquidatária comprar as ações pelo valor que o BPP as havia contratado com o senhor Armando Antunes”, a Liminorke assinala que “a comissão liquidatária recusou, assumindo-se como uma SGPS [Sociedade Gestora de Participações Sociais] em plenitude de funções, ignorando os interesses dos credores da massa insolvente e assumindo risco na gestão de ações que não lhe compete”.
“Perpetua-se assim a situação e o… emprego”, denuncia a Liminorke, questionando por que motivo a comissão liquidatária “recebe, como dação em pagamento, títulos de uma empresa em grande mudança, sem liquidez e sem qualquer garantia de os poder vender no mercado num preço razoável e pelo preço a que valorizaram as ações na altura”.
“Por que razão a Administração Provisória do BPP nomeada pelo Banco de Portugal e presidida pelo dr. Adão da Fonseca nunca aceitou a dação de ações em pagamento e agora a Comissão Liquidatária aceita?”, prossegue o questionamento, sugerindo de seguida que os membros da comissão podem tê-lo feito “para perpetuarem os empregos à custa dos credores”.
A empresa sugere ainda que a compra de cerca de 80 mil ações da Liminorke, cujo valor é desconhecido já que a empresa “está totalmente dependente de um conjunto de processos judiciais em curso, tendentes a reaver o supramencionado depósito de mais de 50 milhões de euros que tem no BPP”, está relacionado com o mesmo propósito de perpetuar o emprego da comissão liquidatária.
“Constatamos igualmente que a Comissão Liquidatária emprega ainda um conjunto de antigos trabalhadores do BPP. As informações que nos chegam são no sentido de que a maioria desses trabalhadores não têm praticamente nada para fazer. Vão ao local de trabalho de manhã para picar o ponto, ausentam-se quando lhes apetece para tratarem dos seus assuntos pessoais e depois voltam para fechar o ponto”, denuncia a Liminorke.
A carta questiona ainda a ocupação, por parte da comissão liquidatária do BPP, da antiga sede do banco (um palacete na rua Mouzinho da Silveira e um prédio na rua Alexandre Herculano, em Lisboa), “em vez de arrendar imóveis mais modestos e em zonas mais baratas da cidade”.
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