Crimes

Portugal é “porta de trânsito” de grandes quantidades de cocaína vinda da América Latina 

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 26-11-2019

O diretor da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ alertou hoje que Portugal “continua a ser uma porta de trânsito de quantidades significativas de cocaína produzida na América Latina”, mercê da posição geográfica.

Imagem ilustrativa

Artur Vaz falava aos jornalistas à margem da sessão de abertura do Seminário sobre Tráfico de Estupefacientes Transfronteiriços – Projeto Caravela, que decorre na sede da Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa, com a presença da Procuradora-geral da República, Lucília Gago, do diretor nacional da PJ, Luís Neves, e do diretor do departamento de combate à droga da Polícia Federal do Brasil, Elvis Secco, entre outros.

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Segundo Artur Vaz, Portugal, em virtude da posição geográfica e da existência de “especiais relações” com países da América Latina, designadamente o Brasil, leva a que as organizações criminosas internacionais “parasitem muitas das estruturas de transporte” de grandes quantidades de cocaína entre os dois continentes através das fronteiras marítima e aérea portuguesas.

Confrontado com o facto de o Brasil ser um importante ponto de passagem de muita da cocaína que transita por Portugal, para chegar a outros países europeus, Elvis Secco observou que o Brasil tem mais de 16 mil quilómetros de fronteira com os três países produtores de cocaína – Bolívia, Peru e Colômbia -, fazendo ainda fronteira com o Paraguai, que é hoje o principal produtor de marijuana/maconha.

“A nossa realidade é muito complicada. Há quantidades absurdas de cocaína produzida nesses países. Estamos a falar de milhares de toneladas. Grande parte, 50% a 60%, passa por território brasileiro” com destino à Europa e à África do Sul.

O diretor da Polícia Federal brasileira referiu que a cocaína encaminhada por via marítima para a Europa e para a África do Sul traz lucros enormes às organizações criminosas, em resultado da diferença “absurda” de preço entre um quilograma de cocaína num país produtor e num país da Europa.

Para o diretor nacional da PJ, Luís Neves, o tráfico de droga (nomeadamente cocaína) e subsequente consumo é “preocupante a vários níveis”, não só enquanto atividade criminosa, mas também “preocupante pelos lucros que gera” e pela forma como “distorce a economia” e fomenta e facilita outros crimes, incluindo o branqueamento de capitais e a corrupção do aparelho e estruturas do Estado.

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Por outro lado – salientou – o tráfico e consumo de cocaína e de outras drogas cria um “problema de saúde pública”, ao mesmo tempo que “consome aos Estados parte substancial dos seus orçamentos”.

A utilização dos lucros do narcotráfico no apoio financeiro e logístico do terrorismo foi outro dos aspetos referidos pelo diretor nacional da PJ.

Luís Neves apontou o oceano Atlântico e África como zonas privilegiadas de transporte e trânsito da cocaína traficada pelos grandes narcotraficantes e assinalou a importância da cooperação policial direta com o Brasil e com outras instâncias internacionais (Europol, Interpol, MAOC) num combate que tem que ser feito de “forma global”.

Na sua intervenção na cerimónia, Lucília Gago, vincou que o `modus operandi” do narcotráfico internacional obriga a que “existam uma partilha de informações entre os países envolvidos” de forma “precoce, rápida, oportuna e eficaz”, apontando ainda para o perigo do tráfico de droga poder financiar o terrorismo.

O seminário realiza-se numa altura em que as polícias de Portugal e de Espanha fizeram recentemente importantes apreensões de cocaína em solo português e em águas da Galiza, respetivamente.

A uma milha ao largo do porto de Aldán, Galiza, as autoridades espanholas estavam hoje de manhã a retirar 3.000 quilogramas de cocaína a bordo de um submarino.

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