Coimbra

Investigadora de Coimbra diz que alterações climáticas podem ser tragédia mas também oportunidade  

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 23-09-2019

As alterações climáticas são o tema de uma conferência internacional que começa na quarta-feira na Figueira da Foz e que pretende alertar a sociedade para as consequências das mudanças no clima, mas também para as oportunidades que estas representam.

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Em declarações à agência Lusa, Carla Garcia, investigadora da Universidade de Coimbra (UC), entidade promotora da primeira Conferência Internacional do Oceano Sustentável (ISOC 2019), afirmou que a iniciativa pretende alertar a sociedade em geral para as alterações que já estão a ocorrer no clima e para a melhor forma de se estar preparado.

“Não podemos pensar que é só uma questão de decisão política, a sociedade tem de perceber que vai haver mudanças e temos de nos preparar a esse nível. As alterações climáticas não são só uma tragédia, também podem ser uma oportunidade para novas empresas, novos produtos, novos materiais de construção, para potenciar o conhecimento e por a tecnologia a nosso favor”, argumentou.

“Temos de nos readaptar e pensar nas alterações climáticas como uma evidência e agir em conformidade: como podemos mitigar isto, como continuar a ter uma economia sustentável, como manter as nossas exigências a nível social”, frisou Carla Garcia, que é também responsável técnica do laboratório Marefoz do Centro de Ciências do Mar e Ambiente da UC, instalado há três anos na Figueira da Foz.

A conferência marca o encerramento do programa regional Centro Adapt, promovido nos últimos dois anos e meio pela Universidade de Coimbra e que esteve centrado, precisamente, na transferência de conhecimento entre as instituições de ensino superior e o meio empresarial.

“Fizemos uma série de ‘workshops’ em diferentes temáticas, da pesca ao turismo, construção ou ambiente, sobre como as empresas podem vir a ter de alterar procedimentos ou até a surgirem novas empresas e novos produtos”, revelou Carla Garcia.

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O programa Centro Adapt incluiu também um concurso de ideias de novas propostas para fazer face às mudanças climáticas, cujos resultados serão divulgados durante a conferência.

“Isto é um problema social, da sociedade como um todo, não é um problema político. Não é o que eu vou fazer para travar isto, não há travão, é como eu devo proceder para me preparar para o que lá vem”, enfatizou a investigadora.

Geóloga de formação, Carla Garcia considerou “irreal” pensar-se que as ações para fazer face às alterações climáticas daqui por diante possam resultar, nos próximos anos, num retroceder dos problemas que já afetam o planeta.

“Pensar que agora se tomarmos ações que isto vai andar para trás é irreal, o que já está feito, está feito, há coisas que não vão parar, por mais ações que façamos há coisas que não retrocedem”, avisou.

“Emagrecer custa muito, mas para engordar basta comer um bolo”, ilustrou a investigadora, exemplificando com o descongelar das calotas glaciares ou o aumento da temperatura global da Terra.

“Reverter isto vai ser muito difícil. O planeta precisa de voltar a encontrar o seu equilíbrio para depois agir em conformidade, não vamos conseguir repor o que estava há umas décadas atrás, vai ser algo que vai demorar uns milhares de anos”, explicou.

Para Carla Garcia, impõem-se medidas “para minimizar impactos futuros” das alterações climáticas, um processo já em curso e “impossível de reverter” a curto e médio prazo, reafirmou.

“Mas podemos fazer com que ande mais devagar para que não se propague da maneira tão rápida”, acrescentou.

De quarta a sexta-feira, no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz, a primeira edição da ISOC vai abordar temáticas relacionadas com os ecossistemas marinhos, construção sustentável, incêndios florestais e qualidade ambiental.

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