O primeiro-ministro, António Costa, destacou hoje que a greve dos motoristas está a decorrer com normalidade, estando a ser cumpridos os serviços mínimos, e descartou haver necessidade, para já, de decretar a requisição civil.
“Os serviços mínimos estão a ser assegurados, está tudo dentro da normalidade”, afirmou o primeiro-ministro à saída de um ‘briefing’ com a Proteção Civil.
O Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) disse anteriormente que os motoristas iam deixar de cumprir serviços mínimos por considerar que o Governo e as empresas não estão a cumprir o direito à greve.
O primeiro-ministro considerou que “o melhor que se pode desejar neste momento é que as partes aproveitem para fazer negociações e ultrapassar” este conflito, lembrando que, mesmo com serviços mínimos cumpridos, a greve não deixará de afetar a vida das pessoas e a economia do país.
Ainda sobre a possibilidade de avançar com uma requisição civil, António Costa disse que o desejo do Governo é não ter “de fazer mais do que o que já foi feito”.
“Temos as nossas instituições preparadas para o que der e vier”, indicou, defendendo que a mobilização das forças de segurança serve para evitar “situações de conflito” e assegurar a paz e a ordem.
Os motoristas de matérias perigosas avisaram hoje de manhã que iam deixar de cumprir os serviços mínimos.
“Vamos deixar de cumprir os serviços mínimos”, disse aos jornalistas o porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas, em Aveiras de Cima, Lisboa, onde está reunido um piquete de greve.
Pardal Henriques acusou o Governo e as empresas de não estarem a respeitar o direito à greve, afirmando que alguns trabalhadores “estão a ser subornados”.
“Há polícia e exército a escoltar os camiões. Não foi o sindicato que quebrou os serviços mínimos, mas sim as empresas e o Governo que violaram o direito à greve”, afirmou.
Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de esta medida provocar a requisição civil, Pardal Henriques disse que na prática isso já está a ocorrer.
Os motoristas cumprem hoje o primeiro dia de uma greve marcada por tempo indeterminado e com o objetivo de reivindicar junto da associação patronal ANTRAM o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
A greve foi convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), tendo-se também associado à paralisação o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).
O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100% e declarou crise energética, que implica “medidas excecionais” para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.