Coimbra
Ambientalistas aplaudem recuo da Câmara da Figueira da Foz no corte de dois plátanos com dezenas de anos no centro da cidade
O movimento ambientalista Parque Verde aplaudiu hoje o recuo da Câmara da Figueira da Foz no corte de dois plátanos com dezenas de anos no centro da cidade, por causa de uma rotunda cuja construção não vai avançar.
Em declarações à Lusa, o porta-voz do Parque Verde, Luís Pena, argumentou que o recuo na decisão camarária, hoje anunciado, aconteceu “por pressão da opinião pública nas redes sociais, nos últimos dias”, na sequência de uma reunião realizada há duas semanas entre o movimento ambientalista e o presidente da autarquia do distrito de Coimbra, Carlos Monteiro, em que o corte dos plátanos localizados junto à chamada Casa das Pestanas foi comunicado.
“O presidente disse-nos que iam cortar dois plátanos. Mas depois sentiu-se encurralado pela opinião pública e acabou por decidir bem. Aqueles plátanos têm dezenas e dezenas de anos, podiam ser nossos avós”, ilustrou Luís Pena, aplaudindo a decisão municipal de não construir a rotunda, que está incluída numa intervenção mais vasta de beneficiação e requalificação do Jardim Municipal, hoje apresentada publicamente.
Na sessão, questionado pela Lusa se a decisão de não avançar para a construção da rotunda foi política ou técnica, Carlos Monteiro respondeu: “Foi uma decisão política suportada pelos técnicos”.
“A solução ótima era uma rotunda, mas enquadrando o espaço [da casa centenária] achámos por bem encontrar uma solução que o preserve”, declarou.
O autarca acrescentou que, com a obra, a câmara pretende “alargar o jardim e ligá-lo às Abadias”, embora esse objetivo não vá ser cumprido fisicamente, já que implicaria a demolição de casas localizadas entre os dois espaços verdes.
“Houve um tempo em que se equacionava deitar abaixo aquele quarteirão, mas hoje não há condições monetárias para isso”, esclareceu Carlos Monteiro.
A obra no Jardim Municipal e arruamentos adjacentes, apresentada pelo arquiteto camarário Nuno Mendes e arquiteta paisagista Elvira Santos, pretende estender para norte o usufruto do espaço ajardinado localizado entre o Mercado Municipal e o Tribunal (com supressão de uma rua no topo norte até agora aberta ao trânsito automóvel, instalação de uma ciclovia, novo parque infantil e bar), mas também o regresso do coreto, uma promessa eleitoral do atual executivo, datada de 2009, e que será cumprida mais de uma década depois.
A intervenção no jardim irá ainda implicar o abate de árvores – a maioria alegadamente devido a questões fitossanitárias – explicitada por Elvira Santos, que disse que “questões de segurança” explicam a retirada de espécies arbóreas.
Questionado sobre o porquê de nenhuma das árvores estar identificada visualmente como estando doente ou em perigo, Carlos Monteiro enfatizou que o problema “pode vir a colocar-se no futuro” e que, atualmente, as árvores que foram avaliadas com problemas fitossanitários, cujo número não foi revelado, “não colocam em causa pessoas e bens”.
De acordo com Elvira Santos, existem no Jardim Municipal 104 árvores de várias espécies e 11 palmeiras (115 no total) e quando a intervenção terminar (por via dos problemas fitossanitários, mas também transplantações para outros locais, reaproveitamento e “três a cinco” relacionados com o próprio projeto de arquitetura) ficarão 82, 78 árvores e quatro palmeiras, menos 33 do que as atualmente existentes.
Sobre a retirada de 33 árvores do Jardim Municipal, o movimento Parque Verde afirmou não ter ainda uma posição conclusiva: “Só soubemos hoje, vamos ter de avaliar a argumentação para nos podermos pronunciar”, alegou Luís Pena.
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