Coimbra
Milheirinhas preferem machos amarelos com ultravioleta
As milheirinhas, espécie de aves muito abundante em Portugal, preferem, quando escolhem o seu parceiro sexual, os machos amarelos com ultravioleta, revela um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade de Coimbra (UC).
Os especialistas envolvidos na investigação afirmam que o fenómeno é surpreendente, pois, “até agora, pensava-se que a presença de ultravioleta não interferia na escolha das fêmeas em espécies com colorações baseadas em carotenoides”, salienta uma nota da UC hoje divulgada.
Neste tipo de aves o processo de acasalamento é “liderado exclusivamente pela fêmea”, anotam os autores do estudo, que foi desenvolvido durante os últimos cinco anos e que já foi publicado na Behavioral Ecology and Sociobiology, revista de “referência na área da ecologia e evolução do comportamento”.
As conclusões da pesquisa mostram que “o ultravioleta refletido contém informação decisiva para a escolha do par nas milheirinhas”, o que significa que “a coloração dos machos evoluiu devido à preferência das fêmeas pela cor amarela, mas com ultravioleta”, sublinha Paulo Gama Mota, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e coordenador do estudo.
Para aferir a importância da presença do ultravioleta na escolha das fêmeas, os investigadores efetuaram dois estudos com milheirinhas capturadas em ambiente natural.
“Numa primeira fase, após medição da coloração dos machos através de técnicas de espectrofotometria, as fêmeas foram colocadas individualmente em compartimentos perante dois machos com níveis de coloração diferentes”, indicam os responsáveis pelo estudo, adiantando que “a escolha recaiu nos machos mais coloridos”.
Posteriormente, os investigadores “bloquearam a presença de ultravioleta nesses machos (através da colocação de filtros no compartimento e de verniz nas penas, que impediam a observação de ultravioleta)” e verificaram que “as milheirinhas deixaram de fazer distinção na escolha do parceiro sexual, ou seja, os machos perderam o poder de atração”.
Do ponto de vista de seleção sexual, “é muito interessante verificar que a escolha do parceiro envolve mecanismos tão sofisticados como a presença de ultravioleta”, sustenta Paulo Gama Mota.
Na próxima fase do estudo (do qual resultaram duas teses de mestrado), a equipa vai “tentar perceber porque é que a coloração dos machos é um fator tão importante para o acasalamento das milheirinhas e qual o seu impacto no comportamento reprodutor”.
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