“Temos uma previsão entre os 70 e 80 atletas. A comparação com o Rio é realizável. No Rio tivemos 92 atletas, com os 18 do futebol. Em Londres também tivemos 77. A nossa previsão aponta muito para uma realidade que foi observada em Londres e que também seria observada no Rio, se o futebol não se tivesse qualificado”, disse, em entrevista à agência Lusa.
Lembrando que ainda “falta muito” para fechar a qualificação para Tóquio2020, que só termina em julho, com o fim do período de apuramento do atletismo, Marco Alves garante que estão a ser traçados “vários cenários, de mais atletas, menos atletas, mais viagens, menos viagens, mais locais de treino, menos locais de treino”.
“O mês de maio de 2020 é aquele mês em que o grosso das modalidades fecham a sua qualificação, mas em junho e em julho ainda temos algumas qualificações que podem ser garantidas. As qualificações estão a decorrer dentro do previsto. (…) Esperamos em julho de 2020 confirmar esta previsão entre os 70 e os 80 atletas presentes em Tóquio”, afirmou.
Neste momento, o Comité Olímpico de Portugal (COP) apoia 114 atletas, com Marco Alves a adiantar que no projeto de preparação olímpico “criou-se um nível de apoio à qualificação que pretende dar condições àqueles atletas que, estando perto, possam confirmar a qualificação para os Jogos”.
Entre os atletas apoiados estão representantes em três das cinco modalidades que se vão estrear ou regressar em Tóquio2020 – karaté, surf e skate –, estando de fora neste momento a escalada e o basebol/softbol.
“Nestes três há efetivas possibilidades de qualificar. E recordo que o resultado conseguido [nos Jogos Europeus] em Minsk pela Patrícia Cardoso [bronze em kata, no karaté] pode ainda significar a qualificação. O sistema de qualificação do karaté é algo complexo, mas este resultado pode ainda contar como qualificação para Tóquio”, referiu.
Marco Alves elogiou ainda o “esforço grande por todas as partes, comité olímpico, federações, Instituto Português do Desporto e Juventude”, para dar “maior estabilidade” na preparação olímpica, sendo que o projeto Tóquio2020 prevê duas medalhas e 12 diplomas (lugares entre o quarto e oitavo lugar).
“Estas previsões são feitas com base em resultados desportivos, porque são os nossos melhores indicadores para chegar a esta quantificação. Esta previsão foi feita a quatro anos dos Jogos e acontece muita coisa durante os quatro anos. Atualmente, tendo em conta, principalmente, os resultados em Campeonatos do Mundo e em alguns campeonatos da Europa, nós estamos em crer que é possível alcançá-las e cumpri-las de acordo com o que está estipulado no contrato”, referiu.
Questionado sobre os atletas que mais esperanças dão para Tóquio2020, Marco Alves disse que “é muito difícil dissociar os resultados [obtidos ao longo do ciclo] do que pode acontecer nos Jogos”.
“Por isso, todos os atletas que têm garantido lugares de pódio em campeonatos do mundo, que têm liderado os ‘rankings’ internacionais, são os que podem nos Jogos nos garantirem mais condições para alcançarem as duas medalhas e os 12 diplomas. É nestes atletas que têm estes resultados que depositamos as nossas melhores expectativas”, disse.
Portugal teve uma excelente participação nos Jogos Europeus, em que conquistou 15 medalhas, mas Marco Alves lembra que este evento “tem de ser contextualizado com o facto de ser uma prova continental”, com muito menos atletas envolvidos.
“São um marco importante na preparação dos atletas, é um momento importante de avaliação, porque é um evento à semelhança daquilo que é a preparação para os Jogos. É mais um marco na preparação, que pode ser usado por atletas e por federações para testarem o que pode acontecer em Tóquio, normalmente com as suas diferenças”, referiu.
A um ano do início dos Jogos Olímpicos Tóquio2020 são já 13 os portugueses com mínimos ou quotas asseguradas, mas ainda quase tudo está por decidir nos apuramentos.
Apenas depois de 29 de junho de 2020, quando encerra o período para obtenção de mínimos para o atletismo, ficará fechada a Missão portuguesa a Tóquio, depois de, no Rio2016, terem sido 92 os atletas presentes, ‘inflacionados’ pelos 18 jogadores da equipa de futebol.
Tal como para o Rio de Janeiro, os velejadores Jorge Lima e José Luís Costa foram os primeiros a assegurar uma presença portuguesa nos Jogos, ao garantirem uma quota – não obrigatoriamente ocupada por esta dupla – em 49er, durante o Mundial de Classes Olímpicas em Aarhus, Dinamarca.
No atletismo, são já cinco os atletas com mínimos, com destaque para João Vieira, que, aos 43 anos, tem marca de qualificação nos 50 km marcha e deverá estar pela sexta vez em Jogos, tornando-se o segundo luso com mais presenças, a uma do velejador João Rodrigues.
Pedro Pichardo, recentemente naturalizado, tem marca no triplo salto, assim como Patrícia Mamona e Evelise Veiga, com Carla Salomé Rocha a ter mínimo na maratona.
Também a natação já tem cinco nadadores com mínimos, com Alexis Santos, semifinalista no Rio2016, Gabriel Lopes nos 200 metros estilos, Tamila Holub e Diana Durães nos 1.500 livres, e Ana Catarina Monteiro nos 200 mariposa.
Fu Yu também vai repetir a presença no torneio feminino de ténis de mesa, depois de ter assegurado a qualificação com a presença na final dos Jogos Europeus.
A canoagem, que conseguiu os melhores resultados há três anos, terá o seu primeiro grande momento de qualificação nos Mundiais, de 21 a 25 de agosto, em Szeged, na Hungria.
No judo, em que o ‘ranking’ de 25 de maio qualifica para os Jogos, são nove os atletas portugueses que estão, neste momento, em posição de qualificação, com destaque para Catarina Costa, sétima nos -48 kg, e Jorge Fonseca, 10.º nos -100 kg.
Telma Monteiro, que conquistou a única medalha para Portugal no Rio de Janeiro, com o bronze nos -57 kg, está neste momento fora da qualificação direta, embora ocupe uma vaga de apuramento pela quota continental.
João Sousa, que na segunda-feira subiu ao 49.º da hierarquia mundial de ténis, está em zona de qualificação para o torneio individual, reservado para os 56 primeiros.
Quinto no Rio2016, João Pereira está neste momento dentro da zona de qualificação no ‘ranking’, tal como Ricardo Santos no golfe, podendo imitar as presenças de Ricardo Melo Gouveia e Filipe Lima no Rio2016, que marcou o regresso da modalidade aos Jogos.
No surf, uma das modalidades que se estreiam em Jogos em Tóquio, Frederico Morais está neste momento fora dos 10 apurados do circuito mundial, apenas por um lugar.
Outra das modalidades em estreia, o karaté, também poderá ter representantes portugueses, com Patrícia Esparteiro a poder ainda beneficiar da medalha de bronze conquistada em kata nos Jogos Europeus, em Minsk.