Desporto
Estudantes de Coimbra Lado a Lado com idosos trocam companhia por quarto
Um projeto de solidariedade em Coimbra aproxima gerações, com os estudantes a receberem alojamento gratuito, dando em troca companhia e apoio a alguns idosos que vivem sozinhos na cidade.
O projeto Lado a Lado, criado em janeiro de 2009, numa parceria entre a Associação Académica de Coimbra e o Centro de Acolhimento João Paulo II, apenas começou a ter maior procura em 2013, tendo agora 11 estudantes e dez idosos dentro do programa.
A crise motivou o aumento dos interessados num programa que, como o nome indica, assenta numa ideia de troca entre as duas gerações, havendo uma avaliação socioeconómica e psicológica antes de os estudantes ficarem alojados.
O estudante da Faculdade de Letras, António Cucu, vive, desde outubro, na casa de Francisco Moura, de 86 anos, que diz estar a “gostar da experiência” e, apesar de com a sua idade se ir perdendo “muita coisa”, garante que não é “capaz de estar quieto”.
“A principal motivação foi a falta de alojamento. Quando soube que vinha para Coimbra, estava preocupado com a questão do alojamento, porque é caríssimo arranjar um quarto”, explicou António Cucu, de 18 anos, que também se sentiu motivado por “ajudar uma pessoa que precisa de mais companhia”.
Sobre a experiência, António diz que é como estar “em casa com alguém de família”.
Chega da faculdade, põe num canal de informação e ficam os dois a ver televisão e a comentar as notícias que surgem.
Uma pessoa idosa “não deixa de ser uma pessoa, não deixa de achar graça a determinadas coisas, não deixa de estar interessada nas coisas e, acima de tudo, não deixa de gostar de conversar e de estar com os outros, independentemente da faixa etária da outra pessoa”, salientou.
“O senhor Francisco é o meu companheiro de casa. Não é um estudante, mas é como se fosse”, diz António Cucu, afirmando que rapidamente simpatizaram um com o outro.
Perto da casa de Francisco, vive Alice Almeida, de 85 anos, agora com a companhia das estudantes Catarina e Yvette.
As filhas não a queriam ver sozinha, os médicos também não e, por isso, decidiu aderir à iniciativa.
“Elas já são minhas amigas. Respeitam-me, ajudam-me quando preciso, têm sempre cuidados comigo, que às vezes eu esqueço-me sempre da minha amiga bengala”, contou Alice Almeida, que, estando habituada, noutros tempos, a ter os sete filhos em casa, sabe-lhe bem ter alguma companhia no seu apartamento.
“É um ambiente de amizade. Eu tenho descontração para me meter com a Alice e com a Yvette e estamos sempre a brincar”, disse Catarina Peixoto, de 19 anos, que está naquela casa desde novembro.
Alice entra nas brincadeiras das duas estudantes e estas ouvem-na, não faltando assuntos para falar, ficando as três, por vezes, depois de almoço, “a conversar e a conversar” tarde dentro.
Yvette Koabigh, estudante dos Camarões a viver há 14 meses em Portugal, fica com Alice quando tem que comer o almoço e, à noite, janta com ela, dá-lhe os comprimidos e ajuda-a a vestir para ir para a cama.
“Aqui, não tenho família, nem nada. Só tenho amigos”, contou Yvette, explicando que o apartamento de Alice é como a sua “outra casa” – “a minha nova família portuguesa”.
Related Images:
PUBLICIDADE