Coimbra
Memórias de Pedra e Cal em Penacova
Um documentário sobre a extração, transformação e uso da cal na construção tradicional, produzido por portugueses e brasileiros, vai ser apresentado no domingo, em Penacova.
Uma primeira versão do documentário “Memórias de Pedra e Cal”, cuja realização contou com a colaboração dos municípios de Coimbra, Cantanhede e Penacova, vai ser exibida no auditório da Biblioteca Municipal de Penacova, às 17:00, numa sessão que inclui debate com a população.
Neste concelho, a Câmara Municipal patrocinou a recriação da produção da cal parda, com a participação dos moradores do Casal de Santo Amaro, onde esta atividade envolveu sucessivas gerações ao longo dos séculos.
“Este documentário mostra um Portugal que ainda existe, mas que vai deixar de existir”, disse hoje à agência Lusa o arquiteto Pedro Providência, investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC) e um dos responsáveis do projeto.
Na produção deste ensaio do documentário, subordinado ao tema “A redescoberta de técnicas construtivas na reabilitação dos centros históricos e na valorização do património cultural”, participou outro português, o sociólogo Paulo Peixoto, e os brasileiros Noilton Nunes (cineasta) e Regina Abreu (antropóloga).
A produção de cal no concelho de Penacova remonta, pelo menos, a meados do século XVIII e “atingiu o seu auge entre os finais dos anos 20 e a década de 60” do século passado, segundo uma nota da Câmara local.
“Quando falamos de reabilitação do património, estamos a falar de um conhecimento empírico que foi ganho ao longo de milhares de anos”, salientou Pedro Providência.
O investigador do CES, que em 2014 vai defender uma tese de doutoramento nesta área, no Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, advertiu que, de um modo geral, “as intervenções com materiais modernos”, nos centros históricos das cidades e nos edifícios antigos, “têm vindo a degradar” o património a preservar.
Em Penacova, os visitantes poderão “aperceber-se da importância desta indústria, bem patente nos 23 fornos de cal ainda existentes no concelho, distribuídos por Ferradosa, Sernelha, Arroeiras-Riba de Cima, Lorvão, Carregal-Friúmes, Galiana e Casal de Santo Amaro.
Nesta povoação, localiza-se “o maior e melhor conservado conjunto”, constituído por 10 fornos em dois núcleos distintos, adianta a nota da autarquia.
Em 1997, um destes fornos foi restaurado pelo Centro Recreativo do Casal, com o apoio da Câmara Municipal.
A produção do documentário “Memórias de Pedra e Cal”, em Cantanhede, Coimbra e Penacova, está associada à primeira edição do ciclo de encontros sobre “Património & Reabilitação Urbana”, realizado pelo CES em outubro de 2012, em Coimbra.
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