Economia
Produtores querem dar o arroz ao Governo
A Associação Portuguesa dos Orizicultores (APOR) admitiu hoje, em Coimbra, avançar para ações de luta caso o Ministério da Agricultura, em conjunto com a indústria e grandes superfícies, não reveja o preço de produção do arroz.
“Não se pede que os produtores de arroz sejam ricos mas que possam viver com dignidade”, defendeu Isménio Oliveira, coordenador da APOR, considerando que a produção de arroz é insustentável, caso o preço na produção não aumente, “no mínimo, para 30 cêntimos por quilo”, numa altura em que os preços rondam os 25 e os 28 cêntimos.
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Em 2013, o produtor de arroz teve custos de cerca de 2000 euros por hectare, apresentando apenas 1500 euros de receitas, sem contar com o subsídio do Regime de Pagamento Único (RPU), explicou o dirigente, durante a conferência de imprensa realizada hoje de manhã, em Coimbra.
Segundo números da APOR, as despesas totais dos produtores de arroz situaram-se nos 1,9 milhões de euros, apresentando receitas de 1,5 milhões de euros.
Isménio Oliveira referiu que a resolução da situação “é uma questão de vontade política” por parte do Ministério da Agricultura, que “tem sido muito apático”, em relação aos preços na produção de arroz.
Caso o preço não aumente “até 15 de janeiro”, a APOR está “disponível para lutar por um preço justo”, avançando com a possibilidade de uma ida a Lisboa e de ações de luta nas regiões de produção de arroz.
Isménio Oliveira defendeu também que devem ser desbloqueadas verbas para a “finalização das obras hidroagrícolas do Baixo Mondego”, informando a comunicação social de que o Ministério da Agricultura considera essa mesmas obras “prioritárias” no próximo Quadro de Referência Estratégica Nacional para 2014/2020.
A APOR exigiu que o “escoamento” do stock de arroz nacional deve ser feito em primeiro lugar, e “só depois importar”, existindo, de momento, “30 mil toneladas de arroz carolino em stock”.
Para além do baixo preço de produção, o dirigente da APOR sublinhou que os custos com a produção aumentaram “muito” em dez anos, nomeadamente os do gasóleo e dos químicos adquiridos para a produção de arroz.
“Estamos a perder dinheiro. Se calhar é melhor estar sossegado e receber o subsídio por hectare”, criticou José Santos, também da direção da APOR, considerando que a atual situação potencia a utilização dos subsídios para não se produzir.
Os industriais e a distribuição “estão a levar todo o lucro”, observou, defendendo “um equilíbrio”.
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