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valter hugo mãe apresenta “A Desumanização” em Coimbra
O escritor Valter Hugo Mãe inicia quarta-feira uma série de cinco apresentações do seu mais recente livro, “A Desumanização”, que qualificou à Lusa como um “romance de aprendizagem [e] de crescimento”.
Na quarta-feira, às 21:30, o romance é apresentado em Coimbra, na Galeria Santa Clara, numa conversa com António Pedro Pita, catedrático de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
No dia seguinte, em Lisboa, na FNAC Chiado, às 18:30, a obra é apresentada pelo escritor Fernando Dacosta.
Na sexta-feira, às 21:30, no Auditório Municipal da Póvoa de Varzim, Valter Hugo Mãe apresenta o romance à conversa com o músico Valter Lobo.
Esta série encerra no sábado com duas novas apresentações, às 17:00, na FNAC do NorteShopping, em Matosinhos, na Senhora da Hora, com o pintor Albuquerque Mendes, e, às 21:00, na FNAC GaiaShopping, em Vila Nova de Gaia, com a jornalista da RTP Sandra Fernandes Pereira.
À Lusa, o escritor de 42 anos afirmou que esta é uma história “pensada na Islândia e para a mundividência islandesa”.
Valter Hugo Mãe deslocou-se várias vezes à Islândia, território que sempre o impressionou “pela dimensão de uma certa fantasia tremenda, [onde] há um ‘tremendismo’ ligado a uma ideia de pureza, ou de mundo que começa, porque é tão recôndito que tudo parece ainda antigo, antes do homem”.
“Eu sabia que havia de lá encontrar um livro”, declarou.
Referindo-se ao romance “A Desumanização”, publicado pela Porto Editora, Hugo Mãe afirmou que decidiu “escrever um livro com uma trama islandesa, uma história pensada na Islândia e para a mundividência islandesa”.
“Este desafio passa muito por retirar-me as referências do costume, ou seja, colocar-me um pouco em perigo, ao propor-me pensar numa história sem utilizar os vícios de sempre, as muletas que são próprias da nossa cultura”, afirmou.
O autor argumentou que o livro, pensado noutro lugar, “não teria a mesma plasticidade” e reconheceu que “há uma interferência da própria Islândia que é decisiva”.
Hugo Mãe recusou qualquer paralelismo com a situação sociopolítica que a Islândia vive, afirmando que se trata de “um livro sobre gente enclausurada nos fiordes e para quem a economia mundial pouco diz”, mas “há algo da personalidade islandesa que explica a coragem que tiveram e estão a ter”.
“A Desumanização” é “um livro profundamente feminino”, em que a protagonista e narradora é uma menina entre os 11 e os 14 anos, chamada Halldora, a quem morre a irmã gémea.
“Podemos dizer que a Islândia funciona como símbolo da solidão e a morte da irmã gémea como símbolo da solidão extrema”, disse à Lusa o escritor.
Valter Hugo Mãe nasceu em Angola na antiga Vila Henrique de Carvalho, atual Saurimo. Estreou-se literariamente em 1996 com o livro de poesia “silencioso corpo de fuga”, editado em 1996.
Publicou vários livros de poesia e, em 2004, estreou-se no romance com a obra “o nosso reino”. Em 2007, venceu o Prémio Saramago com “O remorso de Baltazar Serapião”, editado em 2006 na Quasi, editora por si fundada, com Jorge Reis-Sá, em 1999.
Em 2008, editou o romance “o apocalipse dos trabalhadores”, a que se seguiu “a máquina de fazer espanhóis”, em 2010, e, em 2011, “o filho de mil homens”, ao qual sucedeu “A Desumanização”.
Valter Hugo Mãe é também autor de quatro títulos para a infância e juventude e de antologias de poesia. Em 2001, codirigiu a revista Apeadeiro.
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